Vivemos numa era de realizações e progressos portentosos da ciência, da indústria, da medicina: rádio, televisão, energia nuclear, viagens espaciais, foguetes teleguiados, cérebro eletrônico, controle dos microrganismos, automação, transplantes etc.
A nova geração sente a urgência de avançar ainda mais. Procura maior eficiência. Professores, estudantes, profissionais da indústria e do comércio (trabalhadores mentais), do mesmo modo que os trabalhadores espirituais (religiosos, ascetas, pessoas dedicadas à oração e à vida interior) e, com eles, também muitos trabalhadores manuais, aspiram a melhores resultados, com menor desgaste em seu trabalho mental, espiritual ou manual.
Não obstante, nosso século é também uma era de esgotamento, de excessivo cansaço e profunda frustração entre a elite intelectual. Após uma hora de trabalho sedentário, muitos sentem calor na fronte e nas órbitas e como se um círculo de aço lhes apertasse o cérebro: ficam nervosos e tensos; outros sentem dor de cabeça, de nuca ou nas costas; têm dificuldade para descansar e para conciliar o sono. Dezenove milhões de pessoas sofrem de insônia nos Estados Unidos. Conhecemos professores de fama internacional prostrados pelo esgotamento. Inúmeros são os que sentem decréscimo de rendimento devido a distrações frequentes; a memória atraiçoa-os; preocupações ou ideias obsessivas atormentam-nos. Esgota-os uma semiconsciência simultânea de incapacidade, de esforço, de mau funcionamento do corpo e do espírito, de problemas, de falta de tempo, de futuros fracassos etc.; e não são poucos os que se sentem entediados e frustrados ou creem ser impossível alcançar o próprio ideal e ter prazer na própria ocupação e trabalho.
Desejariam conhecer mais a fundo o funcionamento de suas faculdades para conseguir maior rendimento, com menor cansaço. Procuram meios práticos para melhorar a atenção receptora, a inteligência elaboradora de novas conclusões e sínteses, a prontidão e fidelidade da memória, o interesse e entusiasmo e, através de tudo isso, o êxito nos empreendimentos.
Os que se esforçam por santificar-se e unir-se mais com Deus também desejariam aperfeiçoar o funcionamento das faculdades naturais na atividade sobrenatural, sobretudo na oração. E hoje em dia, quando os progressos da fisiologia revelam detalhes interessantes da mútua dependência do corpo e da alma, a todos interessa uma explicação mais completa sobre como o uso da vista, a tensão muscular, a respiração, podem ajudar ou prejudicar nossa eficiência quando pensamos, lemos ou escrevemos.
As quatro edições em espanhol do presente manual, devidamente esgotadas, tentaram satisfazer a este desejo, manifestado por várias Universidades, Colégios, Comunidades Religiosas e até Bancos, onde foi exposto o tema. Este manual não tem a pretensão de trazer novas contribuições à Psicologia ou Pedagogia, mas apenas reunir, em forma clara, breve e simples, algumas normas práticas que aquelas ciências e a fisiologia nos oferecem para produzirmos mais, com maior satisfação e menor cansaço, quando estudamos, lemos, escrevemos, rezamos, ensinamos ou planejamos.
Queira Deus que estas breves páginas aumentem em muitos a satisfação intelectual e espiritual, ajudem-nos a triunfar e a ser mais úteis aos outros e produzam finalmente, como um antegozo da felicidade perfeita da inteligência, que nos espera no céu.
Bilbao [Espanha], agosto de 1967
Reverendo Narciso Irala, S. J.
Para aprofundamento: Educa-te: Paideia Cristã
Para aprofundamento: Livro A Mulher Católica: Graça & Beleza (Ana Paula Barros)
Ana Paula Barros
Especialista em Educação Clássica e Neuro Educação pela Pontifícia Universidade Católica. Graduada em Curadoria de Arte e Produção Cultural pela Academia de Belas Artes de São Paulo. Professora independente no Portal Educa-te (desde 2018). Editora-chefe da Revista Salutaris e autora dos livros: Modéstia, Graça & Beleza.