Eficiência sem Fadiga I: Sobre o esgotamento e exaustão

by - segunda-feira, julho 11, 2016



Vivemos numa era de realizações e progressos portentosos da ciência, da indústria, da medicina: rádio, televisão, energia nuclear, viagens espaciais, foguetes teleguiados, cérebro eletrônico, controle dos microrganismos, automação, transplantes etc.

A nova geração sente a urgência de avançar ainda mais. Procura maior eficiência. Professores, estudantes, profissionais da indústria e do comércio (trabalhadores mentais), do mesmo modo que os trabalhadores espirituais (religiosos, ascetas, pessoas dedicadas à oração e à vida interior) e, com eles, também muitos trabalhadores manuais, aspiram a melhores resultados, com menor desgaste em seu trabalho mental, espiritual ou manual.

Não obstante, nosso século é também uma era de esgotamento, de excessivo cansaço e profunda frustração entre a elite intelectual. Após uma hora de trabalho sedentário, muitos sentem calor na fronte e nas órbitas e como se um círculo de aço lhes apertasse o cérebro: ficam nervosos e tensos; outros sentem dor de cabeça, de nuca ou nas costas; têm dificuldade para descansar e para conciliar o sono. Dezenove milhões de pessoas sofrem de insônia nos Estados Unidos. Conhecemos professores de fama internacional prostrados pelo esgotamento. Inúmeros são os que sentem decréscimo de rendimento devido a distrações frequentes; a memória atraiçoa-os; preocupações ou ideias obsessivas atormentam-nos. Esgota-os uma semiconsciência simultânea de incapacidade, de esforço, de mau funcionamento do corpo e do espírito, de problemas, de falta de tempo, de futuros fracassos etc.; e não são poucos os que se sentem entediados e frustrados ou creem ser impossível alcançar o próprio ideal e ter prazer na própria ocupação e trabalho.

Desejariam conhecer mais a fundo o funcionamento de suas faculdades para conseguir maior rendimento, com menor cansaço. Procuram meios práticos para melhorar a atenção receptora, a inteligência elaboradora de novas conclusões e sínteses, a prontidão e fidelidade da memória, o interesse e entusiasmo e, através de tudo isso, o êxito nos empreendimentos.

Os que se esforçam por santificar-se e unir-se mais com Deus também desejariam aperfeiçoar o funcionamento das faculdades naturais na atividade sobrenatural, sobretudo na oração. E hoje em dia, quando os progressos da fisiologia revelam detalhes interessantes da mútua dependência do corpo e da alma, a todos interessa uma explicação mais completa sobre como o uso da vista, a tensão muscular, a respiração, podem ajudar ou prejudicar nossa eficiência quando pensamos, lemos ou escrevemos.

As quatro edições em espanhol do presente manual, devidamente esgotadas, tentaram satisfazer a este desejo, manifestado por várias Universidades, Colégios, Comunidades Religiosas e até Bancos, onde foi exposto o tema. Este manual não tem a pretensão de trazer novas contribuições à Psicologia ou Pedagogia, mas apenas reunir, em forma clara, breve e simples, algumas normas práticas que aquelas ciências e a fisiologia nos oferecem para produzirmos mais, com maior satisfação e menor cansaço, quando estudamos, lemos, escrevemos, rezamos, ensinamos ou planejamos.

Queira Deus que estas breves páginas aumentem em muitos a satisfação intelectual e espiritual, ajudem-nos a triunfar e a ser mais úteis aos outros e produzam finalmente, como um antegozo da felicidade perfeita da inteligência, que nos espera no céu.



Bilbao [Espanha], agosto de 1967

Reverendo Narciso Irala, S. J.



Para aprofundamento: Educa-te: Paideia Cristã 



Ana Paula Barros

Especialista em Educação Clássica e Neuro Educação pela Pontifícia Universidade Católica. Graduada em Curadoria de Arte e Produção Cultural pela Academia de Belas Artes de São Paulo. Professora independente no Portal Educa-te (desde 2018). Editora-chefe da Revista Salutaris e autora dos livros: Modéstia, Graça & Beleza.








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6 comments

  1. Bendito seja o Senhor pela sua missão, esse texto me levou a grandes descobertas sobre mim mesma. Desde a infância tive contato com a pornografia e masturbação que gerou este vício em mim. Hoje com 20 anos não pratico mais o ato, porém as vezes ocorre quando estou dormindo. Ainda há vestígios em mim muito fortes deste vício, como por exemplo a ansiedade que você citou e a incapacidade de amar. Mesmo estando a poucos meses de me casar sinto muita dificuldade em demonstrar afeto pelo meu noivo, pois tenho muito medo de cair novamente. Obrigada por suas palavras e por suas dicas, foram um conforto para mim. Farei o propósito de segui-las para lutar sempre em minhas batalhas que são constantes.

    Paz e Bem.

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  2. Não consigo parar de vez... percebo que estou começando a ficar com vergonha de confessar...
    Sou fraca... :'(

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    1. Paz e Bem! Por isso deve confessar ainda mais e melhor, além de mortificar-se com frequência, assim todos todos os vícios da carne, deve ser combatido com mortificação da carne.

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  3. Bom dia!
    Professora Ana, que o Senhor abençoe seu apostolado.
    Estava lendo e na minha memória passou um filme. Fui apresentada a pornografia e a masturbação aos 13 anos, com isso muita desordem na vida. A ansiedade, incapacidade de amar, perdi a minha identidade, sempre agressiva, carente. Já adulta, sempre preocupada com sucesso profissional, foi aí que caí com tudo no vício. Sempre com um vazio que não era preenchido com absolutamente nada, pratiquei esportes achando que era o necessário para mudar a realidade em que vivia e as coisas só pioraram. Aos 33 anos Deus me deu a graça de sair desse universo. Comecei eliminando as conversas, as ocasiões, as supostas "amizades", vídeos, ambientes e finalmente, as práticas. No lugar veio a confissão, a Santa Missa frequente, Consagração a Nossa Senhora, o terço diário, adoração ao Santíssimo, jejum, oração.
    Deus faz novas todas as coisas.

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  4. Ana, quais penitências posso fazer para mortificar a carne?

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Olá, Paz e Bem! Que bom tê-lo por aqui! Agradeço por deixar sua partilha.