Meditações sobre a Beleza| Parte 6: O Belo e o Amor

by - setembro 11, 2023






"Como o Filho único e Amado, Jesus, nós também somos feitos para estarmos voltados para o Pai, para estar cara a cara com Ele, para gozar e contemplar a Beleza infinita, a deliciosa presença que cumula e sacia todos os desejos já purificados. Já agora, porém, que eu Te veja face a face com os olhos da minha alma. 

Porque também Deus é invadido pelo desejo de visitar as criaturas, o Amado aspira fortemente a cumular com Sua presença o ser sedento da sua vinda. Na profundeza de sua ternura, como poderia Ele fazer esperar mais tempo a alma em busca dAquele que ela ama?"¹


O homem realiza contemplação, ação e produção. Produz obras para o benefício do corpo e outras para o benefício da alma. As primeiras são as chamadas artes servis (com uso das mãos) e as últimas, artes liberais (com o uso do conhecimento). Dentre as artes liberais, existem aquelas que fazem o homem propender ao bom e ao verdadeiro, utilizando para isso o belo; ou o fazem afastar-se do mau e do falso, utilizando, por sua vez, o horrendo.

Assim, as chamadas artes do belo são de importância evidente para a saúde espiritual do homem, e seu estado interior pode ser aferido pela forma plasmada nas artes.

A arte do belo é produzida através da aquisição de um hábito intelectual virtuoso.





Mas qual é a causa de uma coisa ser bela? Um pré-socrático invocaria elementos físicos. No entanto, é preciso considerar a existência de uma causa anterior e elevada. Esta, para ser verdadeira, deve ser não sensível e inteligível. Esta causa é a Ideia ou Forma do Belo, que, por sua presença mesma ou certa relação com ela, torna as coisas sensíveis belas.

Para os gregos, a Ideia não era o pensamento, e sim o “objeto do pensamento”. Para os helenos, a beleza e a bondade são medida, proporção e virtude. É a realização precisa de determinada essência.




 



A beleza tem algo mais que as outras formas inteligíveis, pois pode ser vista pelos olhos da alma e do corpo.

O autêntico Amor é o desejo pelo Belo, mas também pelo Bem, pela Sabedoria, pela Felicidade e pela Imortalidade. O Amor, por sua vez, dispõe de vários caminhos para o Bem; o verdadeiro amante é o que sabe percorrer os caminhos do Amor até o fim.
O grau mais baixo do amor é o físico, mas neste já existe o desejo de eternidade. O grau mais elevado é o dos amantes fecundos quanto às almas e não aos corpos; são estes os amantes das almas, das leis e das ciências puras.²






Referências:



1) TONNELIER, C. 15 de Dias de Oração com São João da Cruz. Paulinas, 2011. 104 p. Disponível em: https://amzn.to/3GO5PvE.

2) NOUGUE, C. Das Artes do Belo. Formosa: Edições São Tomás, 2021. 2ª edição. 588 p. Disponível em: https://amzn.to/3YbmUac





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1 comments

  1. A beleza não está apenas na matéria mas sim na forma, e para além da forma, há algo que torna verdadeiramente Belo? Ex: quando vejo uma pintura o realismo me impressiona mas só quando há uma pintura que tenta transmitir algo transcendente, percebo que há uma percepção de eternidade e de beleza além de minha imaginação.

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