A sensualidade e o dano intelectual, pelo Padre Gillet
Não são menos deploráveis os efeitos intelectuais da sensualidade; a satisfação dos sentidos é feita à custa do espírito, e a vida dissoluta do corpo destrói, por sua vez, as energias da alma. Para expandir-se, a inteligência necessita da tranquilidade da carne, do equilíbrio das funções, da pureza e do frescor do sangue, do repouso dos nervos.
Quando considero o corpo nas suas relações com a inteligência, da qual ele é o instrumento natural, não posso impedir-me de pensar nas harpas eólias, que os antigos penduravam nos ramos dos salgueiros e que vibravam ao sopro da brisa fresca das manhãs de abril ou do vento fresco tépido das tardes de outono.
Se estiver tudo calmo em derredor, se a carne não está sacudida pela paixão, nem o sangue viciado, nem os nervos demasiadamente tensos, então a inteligência poderá, como um vento leve passando pelas inúmeras fibras desse maravilhoso instrumento, fazer soar acordes cheios e agradáveis, cuja suavidade e plenitude compensam amplamente a agrura e o vazio dos sons sensuais.
Se, ao contrário, o corpo for sacudido pelo sopro violento da volúpia, nesse caso as milhares de fibras sensíveis – tais como as cordas delicadas de uma harpa sob um vento de tempestade – se torcem e se rompem; a inteligência não consegue tirar nem o mais leve som.
Texto retirado do livro “A educação do caráter”, pelo Padre Gillet, edição de 1956.
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