Visão Geral do Evangelho de São Lucas e o Reinado Social do Senhor Jesus
Introdução
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Visão Geral
São Lucas é médico e companheiro de São Paulo (assim como São Marcos o era de São Pedro). Ele inicia o seu relato com um prefácio explicativo do como e por que ele escreveu esse livro, embora já houvesse muitos relatos, seu objetivo era extrair o relato das testemunhas oculares e unificá-lo num "relato ordenado sobre as coisas que entre nós se realizaram".
Lucas é um sírio de Antioquia, sírio pela raça, médico de profissão. Tornou-se discípulo dos apóstolos e mais tarde seguiu a Paulo até ao seu martírio. Tendo servido o Senhor com perseverança, solteiro e sem filhos, cheio da graça do Espírito Santo, morreu com 84 anos de idade. Prólogo Anti-Marcionita ao Evangelho de São Lucas, seculo IV
A estrutura do livro é bem clara:
Há uma longa introdução que nos apresenta a história de João Batista e Jesus
Em seguida, no capítulo 3-9, São Lucas nos apresenta um retrato robusto de Jesus e sua missão na sua região natal da Galileia.
Depois disso, a longa viagem de Jesus a Jerusalém o que nos leva ao clímax da história: a última semana de Jesus em Jerusalém que antecederam a sua morte e ressurreição levando-nos em seguida ao livro de Atos.
Primeira Parte
A extensa introdução nos mostra um paralelo da história do nascimento de São João Batista e do Divino Jesus.
Um casal de idosos, Santa Isabel e São Zacarias; uma Virgem. Ambos receberam uma promessa divina improvável: que eles iam ter um filho.
Ambas as promessas são cumpridas, em seguida, João e Jesus nascem e ambos os pais cantam poemas de celebração.
Essas canções poéticas, são preenchidas com ecos de salmos e de trechos dos profetas do Antigo Testamento mostrando como essas crianças iriam cumprir as antigas promessas de Deus.
Mas estes poemas também expressam o papel de cada criança na história que se seguirá.
João é o mensageiro profético prometido pelos Profetas que preparará Israel para receber seu Deus. Jesus, é o Rei messiânico prometido a Davi que trará o reinado de Deus sobre Israel e as bênçãos de Deus para as nações, assim como Ele prometeu a Abraão.
Depois disso, a Santa Virgem Maria leva o Menino Jesus ao templo de Jerusalém para fazer a sua apresentação e dois profetas idosos Santa Ana e o Ancião Simeão, ao verem Jesus, O reconhecem.
Simeão canta a sua própria canção, um poema inspirado no profeta Isaías. Ele diz que esta criança é a salvação de Deus para Israel e que ele se tornará uma luz para as nações.
A história então avança para a próxima seção principal, onde Lucas apresenta Jesus e sua missão.
Ele inicia essa parte da história com o batismo oferecido por São João Batista no rio Jordão, com o chamado ao arrependimento como preparação para a chegada do Reino de Deus.
São Lucas então pausa a narrativa para relatar a genealogia do Senhor. Traça, então, a origem de Jesus; retrocede até Davi, depois até Abraão e, em seguida, até Adão .
Dessa forma Lucas demonstra a identidade de Jesus (preocupação que também fora a de São Marcos): Jesus é o Rei messiânico de Israel, que traz as bênçãos de Deus; mas não somente para Israel, a família de Abraão, mas também para todos os filhos de Adão, para toda a humanidade.
Após este relato Lucas inicia estrategicamente a volta de Jesus para a sua terra natal, lá Ele inicia a sua missão pública.
Começando numa sinagoga o Senhor lê sobre si mesmo:
"O Espírito do Senhor está sobre mim, para anunciar a Boa Nova aos pobres e liberdade para os presos
Nova vista aos cegos, a liberdade aos oprimidos."
Aqui, juntamente com os outros evangelhos, Jesus é apresentado como o Rei messiânico trazendo as boas novas do Reino de Deus.
No entanto, São Lucas nos revela um vislumbre da personalidade de Jesus e de sua atuação na sociedade, Jesus nos é apresentado como o Deus que consola, o Deus presente.
Ele traz a liberdade, a palavra grega é 'aphesis' significa literalmente "fase" e refere-se à antiga prática judaica do ano do Jubileu descrito em Levítico 25. É quando todos os escravos Israel foram libertados, quando as dívidas das pessoas foram cancelados, quando as terras que foram vendidas voltaram para famílias. A liberdade que Jesus nos traz é a restituição do que perdemos com a queda pelo pecado original, a liberdade que é fruto da ação de justiça e misericórdia de Deus.
Jesus nos diz também que a boa notícia da libertação é especificamente para os pobres, no Antigo Testamento, os pobres, ou em hebraico 'ani'. É uma categoria muito mais ampla do que apenas as pessoas que não têm muito dinheiro, refere-se também às pessoas de baixo status social na cultura em que vivem, como as pessoas com deficiência, mulheres, crianças, idosos ou qualquer pessoa que não receba um olhar atento na sociedade em que vive. E Jesus diz que o Reino de Deus é um especialmente uma boa notícia para essas pessoas.
São Lucas nos mostra como o Reino de Jesus nos trouxe restauração e uma retificação de todas circunstâncias de vida. Ele amplia o círculo de pessoas que são convidadas para descobrir o poder de cura do Reino de Deus.
Os homens, unidos em sociedade, não estão menos sob o poder do Cristo do que o estejam os homens particulares. Somente Ele é a fonte da salvação privada e pública (Papa Pio XI, Quas Primas, 11)
o meio mais eficaz de trabalhar pelo restabelecimento da paz é restaurar o Reino de Cristo (Papa Pio XI, Ubi Arcano, n. 39)
Consiste em conhecer sempre mais profundamente as insondáveis riquezas do Cristo, em esperar sempre mais ardentemente os bens eternos, em responder sempre mais decididamente ao amor de Deus e em distribuir sempre mais largamente a graça e a santidade entre os homens (Papa Paulo VI em sua Solene Profissão de Fé - Credo do Povo de Deus - n. 27).
Jesus diz Papa Pio XI, reina na sociedade quando esta, prestando a Deus uma homenagem soberana, reconhece que d’Ele derivam a autoridade e seus direitos (Ubi Arcano, 38)
E então o Senhor nomeia doze discípulos e comunica o resumo do seu reino, o Sermão da Montanha, um reino que para muitos parece "de cabeça para baixo". Ele começa a gerar resistência e controvérsia, como já havia profetizado o ancião Simão no Templo. As Leis do Reino de Deus são mais perfeitas, são superiores e por sua vez mais exigentes. Não anula o que a Lei ordenava antes a torna mais sutil; não basta somente não matar é preciso não odiar; não basta somente não adulterar é preciso não olhar com olhos cobiçosos para outra pessoa e ainda vislumbrar a superioridade da castidade. É por isso que se diz que Jesus nos trouxe uma lei mais exigente.
E isso leva-nos à segunda metade do livro.
Na primeira parte, nós exploramos o retrato que Lucas faz de João Batista e Jesus no cumprimento da história de Israel e das promessas de Deus descritas nas escrituras do Antigo Testamento. Depois, vemos Jesus começar sua missão e trazer as boas novas do Reino de Deus para os pobres de Israel: pessoas de baixo status social e também pessoas que eram forasteiros.
E Jesus ensinou que Seu Reino possuía uma norma contraria a do mundo. É uma reversão de todos os valores sociais comuns. Essa seção culminou com São Lucas mostrando como o Senhor Jesus era o novo Moisés que estava para trazer um novo Êxodo, uma libertação, através de Sua Santa morte em Jerusalém.
E então nós chegamos até essa longa seção do livro onde Jesus lidera Seu recém-formado Israel, os que tomaram a cruz e o seguiram, em uma jornada para Jerusalém.
Essa parte do livro consiste basicamente nos ensinos e parábolas de Jesus dadas no caminho.
Dessa forma, São Lucas nos leva a seguir Jesus como em uma jornada.
Primeiro Jesus convida seus discípulos para Sua missão e os envia a frente Dele para anunciarem o Reino de Deus.
Ser um discípulo, desde o começo, significa: participar na missão do Reino de Jesus, fazendo dela, a sua.
E quando os discípulos retornaram, Ele começou a dar-lhes vários ensinamentos sobre oração, sobre confiar na Providência de Deus. Nesses capítulos São Lucas nos revela o que Jesus diz sobre o dinheiro, as possessões e a generosidade, mais do que em qualquer outro lugar em Seus ensinamentos.
Segui-Lo é verdadeiramente como estar na estrada, deve produzir em nós uma generosidade radical, um desapego profundo das coisas do mundo.
Outro tema chave nesses capítulos é a contínua missão de Jesus para com os pobres. Ele se encontra com os samaritanos, que são rivais antigos do povo judeu e o famoso Zaqueu, um homem judeu mas que coleta impostos para os Romanos. Todos esses párias sociais encontram Jesus e são transformados por esse encontro. Pois todo aquele que encontrou verdadeiramente o Senhor muda, se não mudou não O encontrou. Veja que se trata de uma ação em prol da conversão. O Reinado do Senhor é espiritual e por sê-lo abarca o temporal, já que tudo o que é temporal é inferior ao espiritual. Tanto que Zaqueu ao se converter restitui o que havia roubado transbordando a mudança interior em pratica de justiça que atinge a sociedade, em ato concreto de retificação de mente e conduta pessoal e pública.
São Lucas inclui múltiplas histórias de Jesus em banquetes com os líderes de Israel e todos se tornam debates acalorados em que Jesus confronta-os quanto ao orgulho e a hipocrisia. O Evangelista nos mostra um contraste entre banquetes, hora fala dos eleitos, hora dos réprobos. Sendo que o pico é a Parábola do Filho Pródigo, nela uma pai oferece uma baquete ao filho perdido que voltou arrependido.
O Senhor nos mostra que o único requisito para entrar para a sua família é a humildade e o arrependimento verdadeiro. O Filho Pródigo não permaneceu entre os porcos, saiu, sem um tostão, ele que comia lavagem de porcos, e foi a pé pedir perdão ao pai.
Então, Ele, finalmente, chega em Jerusalém para a Páscoa e quando se aproxima da cidade, chora. Jesus chora neste momento e também quando Lázaro morre. O Senhor chorou, metade das nossas vidas poderiam ser imersas nesse momento em adoração.
Ele é aclamado como Rei Messiânico mas os líderes de Israel estão preparando a sua condenação. Jesus, no entanto, vai ao templo e revira as mesas dos vendedores, pois é "casa de oração".
Esse ato gerou uma série de debates entre Jesus e os líderes de Israel.
Com isso, Jesus se retira com Seus discípulos para Santa Ceia. O Senhor dá-se a si mesmo como alimento. Ele que estava com fome e buscou figos na figueira e não encontrou, Ele que estava com sede na cruz e não foi saciado... dá-se a Si mesmo como alimento espiritual.
Após a Ceia, o Senhor é preso e examinado perante os líderes judeus e então é levado à julgamento como aquele que "se diz rei". São Lucas enfatiza a inocência de Jesus: Pilatos, o governador romano, diz que Jesus é inocente três vezes antes de ceder. Até Herodes, o governante da Galileia não acha nada para acusar Jesus. Mas os lideres finalmente compelem Pilatos a crucificá-Lo, e assim Ele é.
Mas mesmo em Sua morte dolorosa, Ele que é a encarnação do Sublime Amor e da Misericórdia de Deus oferece o perdão de Deus aos soldados enquanto eles O crucificam. Ele é morto, sepultado e três dias depois ressuscita.
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