Devocional 39: Da Virtude da Esperança e os Vícios da Presunção e da Desesperação| São Tomás de Aquino

by - julho 27, 2020


Devocional 39: Da Virtude da Esperança e os Vícios da Presunção e da Desesperação| São Tomás de Aquino


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A segunda virtude teologal é a esperança.

A virtude teologal da esperança, cujo efeito é mover a vontade, para que, com o auxílio divino, se dirija e encaminhe para Deus, como objeto de nossa eterna felicidade, segundo no-lo mostra a fé. 

Portanto, é impossível ter esperança sem fé. Porque a fé propõe à esperança o seu objeto e os motivos em que há de apoiar-se. 

O objeto da esperança, antes de tudo, Deus em si mesmo, como termo e objeto de sua própria felicidade, e enquanto, por um rasgo de infinita benevolência, quis ser também o objeto de nossa dita no Céu. Também podem ser objeto da esperança qualquer bem real, desde que subordinado ao objeto primário, ou seja, desde que subordinado à esperança do Céu. 

Temos a esperança do Céu apoiados na ação de Deus que nos auxilia em nossa fraqueza, na conquista da felicidade. 

O motivo da esperança implica e supõe necessariamente ações virtuosas meritórias e conducentes à posse de Deus na ordem sobrenatural. Logo, pecará contra a esperança, o que confia salvar-se, sem contrair o hábito de praticar a virtude. Este pecado chama-se: pecado de presunção. 

No entanto, este não é o único pecado que o homem pode cometer contra a virtude da esperança, pode cometer um outro chamado: pecado da desesperação. É o pecado daqueles que, tomando em conta ou a grandeza e excelência infinitas de Deus, ou as dificuldades com que tropeçam no exercício das virtudes sobrenaturais, fazem a Deus a injúria de supor que jamais chegarão a possuí-lO ou a praticar a virtude como convém; em consequencia, renunciam à felicidade e abstêm-se de invocar a Deus e chamá-lO em seu auxílio, ainda que bem possam fazer. 

O pecado de desesperação reveste-se de especial gravidade porque inutiliza todo o movimento na ordem sobrenatural, e faz que o pecador pronuncie, em certo modo, contra si mesmo, a sentença de eterna condenação. 

Portanto, o homem jamais deve desesperar-se por grandes que sejam as suas misérias e enormes as suas culpas e pecados, pois superior a tudo isso é a Onipotência e misericórdias divinas. 

Quando se sente acabrunhado sob o peso de suas culpas a alma deve corresponder à graça que naquele momento o convida a voltar-se para Deus, com firme esperança de que lhe perdoará e dará forças para sair do seu mau estado e levar depois vida digna de recompensa eterna. 

Para praticar o ato de virtude teologal chamado esperança pode usar a seguinte fórmula: Deus meu, com grande confiança, espero de vossa misericórdia e poder infinitos que me dareis a graça de levar uma vida digna do prêmio destinado aos justos, e que, no fim da vida, se vossa graça não me deixar cair na desesperação, me admitireis a participar da Vossa própria e eterna bem-aventurança. 

Mais resumidamente pode dizer: Deus meu, santa e firmemente espero em Vós. 

Todos os fiéis podem recitar este ato, enquanto vivem neste mundo. Já que no Céu, assim como os santos, não careceremos desta virtude, pois já estaremos na posse de Deus.

Também não a tem os condenados no Inferno, porque jamais poderão gozar de Deus, objeto da esperança. 

Já as almas do Purgatório conservam-na, como virtude, porém os seus atos não são inteiramente iguais aos desta vida, porque, não contam com o auxílio divino para alcançar o objeto da esperança, mas também não podem mais pecar. 

Baseado no Catecismo da Suma Teológica de São Tomás de Aquino









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