Consagrados: sobre o Celibato Leigo
Atenção: material sem a segunda revisão de texto.
E
santo Ambrósio diz expressamente da alma consagrada: "É virgem quem possui
a Deus como esposo".
1) Introdução
“Desci
ao jardim das nogueiras, para ver os brotos dos vales,
Ver
se a videira florescia, se os botões das romeiras se abriam.
Eu
não conhecia meu coração.”
Cânticos
6, 11-12
A intenção deste estudo é
fornecer uma orientação básica sobre o tema aos que possuem dúvidas relevantes
e também para oferecer um material de consulta aos padres, que por ventura
tenham a graça de possuir entre seus filhos algum chamado a esta vocação
peculiar.
Tal intuito é motivado
por uma série de entendimentos equivocados sobre a vocação do celibato,
ocasionada, em suma, pela crise em diversas áreas da formação católica, a
crescente falta de bons modelos e acima de tudo a total falta de conhecimento
da História da Igreja.
Não tenho a intenção de
abarcar todos os prismas do tema neste estudo, seria necessário um livro, no
entanto, acredito que será o suficiente. Aviso ao leitor que em
determinados momentos tratarei com mais atenção o celibato feminino, por seu
valor metafisico e escatológico singular (além de ser a feminilidade o principal
ramo do meu trabalho, como pode ser visto aqui, no
primeiro e terceiro módulo do Curso Mulher Católica), mas no geral o material
poderá ser utilizado para orientar a todos.
“A
vossa proteção recorremos Santa Mãe de Deus, não desprezeis as nossas súplicas
em nossas necessidades, mas livrai-nos de todos os perigos, ó Virgem Gloriosa e
Bendita!”
2) Vida Consagrada
Quem
é essa que sobe do deserto
Apoiada
em seu amado?
Cântico
8, 5
A palavra celibato vem do
latim cælibatus que significa "sem estar
casado". Esta definição já nos orienta em relação a uma questão, que será
futuramente mais trabalhada: se o matrimonio é um estado de vida, logo o
celibato é um estado de vida. Se o estado de vida é uma vocação, um chamado, logo
o matrimonio e o celibato são vocações. O celibato é uma vocação e como
toda escolha definitiva não possuí um aspecto temporário.
Não se trata de
uma fase, não se trata de uma oferta
que deva ser retomada, portanto, é errado usar o termo celibato para a
castidade exigida do cristão antes do casamento, por exemplo. Isso é uma
tentativa, já presente na Igreja há muito tempo, em tentar abafar, deturpar, ir
criando certo distanciamento do entendimento correto do celibato, partindo do
uso incorreto das palavras, alimentado pelo entendimento errado do
funcionamento da Igreja.
“Não se pode contar a
multidão daqueles que, desde os começos da Igreja até aos nossos tempos,
dedicaram a sua castidade a Deus, uns conservando ilibada a própria
virgindade, outros consagrando-lhe para sempre a viuvez, outros finalmente
escolhendo, em penitência dos seus pecados, uma vida perfeitamente casta; todos
esses, porém, propuseram abster-se para sempre dos deleites da carne por amor
de Deus. A doutrina dos santos padres sobre a grandeza e o mérito
da virgindade seja incitamento e forte sustentáculo para todas essas almas, a fim
de perseverarem no sacrifício oferecido e não retomarem para si nem a
mínima parte do holocausto já colocado sobre o altar de Deus.
A virgindade floresceu entre os féis de todas as condições
A castidade
perfeita é a matéria de um dos três votos constitutivos do estado
religioso e exigida aos clérigos da Igreja
latina para as ordens maiores e também aos membros dos institutos
seculares. Mas é igualmente praticada por grande número de
simples leigos: homens e mulheres há que, sem viverem em estado público de
perfeição, fizeram o propósito ou mesmo o voto privado de se abster
completamente do matrimônio e dos prazeres da carne para mais livremente servir
ao próximo, e mais fácil e intimamente se unirem com Deus.
Dirigimo-nos com coração
paterno a todos e cada um desses muito amados filhos e filhas,
que de algum modo consagraram
a Deus corpo e alma,
e exortamo-los vivamente a confirmarem sua santa resolução e a pô-la em
prática com diligência.
Não falta contudo
quem, saindo do bom caminho, nos dias de hoje exalte o matrimônio a ponto de o
colocar praticamente acima da virgindade, depreciando consequentemente a
castidade consagrada a Deus e o celibato eclesiástico. Por isso nos pede agora
a consciência do nosso cargo apostólico que declaremos e defendamos a doutrina
da excelência da virgindade, para acautelarmos de tais erros a verdade
católica.
A sagrada
virgindade e a perfeita castidade consagrada ao serviço de Deus contam-se sem
dúvida entre os mais preciosos tesouros deixados como herança à Igreja pelo seu
Fundador.
Carta
Encíclica Sacra Virginitas do Papa Pio XII (25 de Março de 1954)
Esta encíclica já nos
mostra a visão da Doutrina Católica a respeito do celibato leigo, vivido fora de uma ordem religiosa, um
instituto ou ainda do sacerdócio, no caso dos homens.
Muitos não entendem como
é possível que tal vocação seja vivida fora de um grupo e ainda costumam
apontar que o celibato não é uma vocação, pois, não recebeu sacramento. No
entanto, tal linha de pensamento vem de um entendimento muito raso sobre a
própria constituição da Igreja. É comum escutarmos os adeptos desse pensamento
dizerem coisas como: "o celibato não
é uma vocação, é alguém que não quis ser padre e nem religioso e nem casar... o
celibato não é vocação pois não recebeu sacramento como as outras".
Normalmente, o raciocínio deixa a entender que um religioso recebeu um
sacramento próprio para a vocação a religiosa, acontece que nenhum religioso
recebe um sacramento para ser religioso.
“A vida consagrada, profundamente arraigada nos exemplos e ensinamentos de
Cristo Senhor, é um dom de Deus Pai à sua Igreja, por meio do Espírito. Através
da profissão dos conselhos evangélicos, os traços característicos de Jesus —
virgem, pobre e obediente — adquirem uma típica e permanente « visibilidade »
no meio do mundo, e o olhar dos fiéis é atraído para aquele mistério do Reino
de Deus que já atua na história, mas aguarda a sua plena realização nos
céus...Cientes, como estamos todos, da riqueza que constitui, para a comunidade
eclesial, o dom da vida consagrada na
variedade dos seus carismas e das suas instituições, juntos damos graças a Deus
pelas Ordens e Institutos religiosos dedicados à contemplação ou às obras de
apostolado, pelas Sociedades de Vida Apostólica, pelos Institutos seculares, e
pelos outros grupos de consagrados, como também por todos aqueles que, no
segredo do seu coração, se dedicam a Deus por uma especial consagração.”
Vita
Consecrata, São João Paulo II
Pelo trecho da encíclica
acima o leitor já poderá intuir que a linha de pensamento expressa na frase de
exemplo é um disparate, no entanto, não me dou por satisfeita e desejo esmiuçar
a raiz da questão, que é: o não
entendimento do funcionamento da Igreja.
O Corpo Místico de
Cristo, a Igreja, é formado por dois grupos: o clero e os leigos.
Pertencem ao clero todo aquele que é sacerdote, o clero é formado somente por
sacerdotes que são: o Papa, os arcebispos, os bispos, os padres. Os leigos são
os: cristãos casados, cristãos religiosos, cristãos celibatários, qualquer
cristão batizado na Igreja Católica, que não seja também padre.
Ou seja, um religioso é
um leigo, entende? Seja de qual ordem ou instituto ele pertença, ele é um leigo.
Seguindo para a questão
dos sacramentos: os únicos estados que recebem sacramento são o sacerdócio e o
matrimônio. Ou seja, nenhum religioso, recebe sacramento próprio para a vocação.
Isso significa, caro leitor, que Santa Teresa, não recebeu um sacramento para o
seu estado, São Francisco (que não era padre), também não, Santa Teresinha,
Santa Catarina de Sena, enfim qualquer religioso de qualquer ordem religiosa no
mundo, não recebeu sacramento para o seu
estado de vida.
Assim se seguirmos o
raciocínio absurdo expresso no exemplo da fala anterior, todos estes santos e muitos
outros viveram sem vocação a vida toda, pois não receberam sacramento. Ou
ainda, significaria que o maior celeiro de santidade da Igreja não é uma
vocação, pois não recebeu sacramento. O que é uma conjectura ridícula. Portanto,
só me resta acreditar que este pensamento só pode ser nutrido pela ignorância
de como de fato funciona o Corpo Místico de Cristo.
É pelo que relatei acima
que o celibatário fora de uma comunidade é chamado de leigo
celibatário ou celibatário no mundo ou celibatário no século.
Pois existe o celibato em comunidades e institutos, celibato sacerdotal,
celibato em ordem religiosa. E reitero que nenhum deles recebeu ou recebe um
sacramento específico.
“A experiência nos mostra
que, geralmente falando, somente prestam à Igreja grande bem aqueles que
professam a perfeita castidade: os sacerdotes e as religiosas, as jovens que
ingressam nas Sagradas Congregações, os
santos leigos que se põem ao trabalho da promoção das boas obras.
De maneira que farão bem
os confessores que são imbuídos pelo zelo da religião em usar de sua diligência
para ensinar aos jovens de ambos os sexos que cultivam a piedade e levam com
docilidade uma vida fiel aos mandamentos divinos quão grande bem é a perfeita
castidade. Exortem-nos à observância da castidade perfeita, se a tanto os
virem inclinados, pois alcançarão mais facilmente a perfeição cristã e servirão
com maior fruto ao bem da religião.
Isto,
porém os confessores não conseguirão realizar a não ser que, depostos por
completo todos os preconceitos que o vulgo tem contra esta virtude,
contemplarem o zelo que os Santos Padres da Igreja usaram para promoverem a
perfeita castidade, a tal ponto que praticamente todos escreveram livros a este
respeito; e, ademais, a não ser que também estes mesmos confessores busquem
esta virtude com grande amor, e se esforcem por levar uma vida inteiramente
angélica.
A carne gera a carne; o
espírito, espírito; os anjos não se procriam senão a partir dos anjos.
Padre
José Frassineti, Carta sobre o Celibato, 1804 - 1868, Prior de Santa Sabina em
Gênova
"Se
alguém disser que o estado conjugal
deve
antepor-se ao estado de virgindade
ou
de celibato,
ou
não ser coisa melhor e mais feliz
permanecer
na virgindade ou no celibato
que
unir-se em matrimônio,
seja
excomungado"
Concílio
de Trento
A perfeita castidade é o
celibato.
Existe ainda a dúvida sobre
a frase "o celibato é mais meritório". Como vimos
anteriormente o celibato é um chamado que não tem sacramento, no entanto, é um
chamado explicito do Senhor (Mt 19, 10-12) e do Apostolo das Gentes São Paulo
(I Coríntios 7, 7). O sacramento concede Graça Sacramental, que é um
aporte especial da Graça para vivenciar aquele estado de vida escolhido. Ou
seja, o sacerdote e o casal recebem em seus respectivos sacramentos um aporte
especial da Graça que os socorrerá em suas vicissitudes, se souberem usar bem,
é claro. Ora, o celibatário não tem sacramento, logo ele conta com a graças
sacramentais mais comuns (Comunhão, Confissão, etc), ou seja, o mérito vem do esforço maior que se faz
diante dessa conjuntura. O celibatário é alguém que é chamado a chegar lá com
o que tem em mãos, usando tudo que possuí na sua maior potencia. Nós já veremos
o valor sobrenatural disso no Corpo Místico, pois Deus é capaz de suprir
tudo, absolutamente tudo, com os sacramentos básicos do cristão,
nutrindo a alma para a santidade.
Neste ponto não acredito que
seja útil mudar a frase, como andam fazendo, numa espécie de crise de
inferioridade, o caminho é ver a realidade e se perguntar o óbvio: os casais
recebem um aporte especial da graça para se santificar então... o que acontece?
O que fazem com a graça que recebem? Eles sabem que recebem um aporte especial
da Graça?
Estas são as perguntas
corretas, que, me parece, ninguém faz.
Existem muitos casais que
são santos desconhecidos, de fato, mas existem muitos que pegaram a sua graça
sacramental e jogaram na lata do lixo. Então vale pensar sobre isso,
reflexivamente, deixando todo complexo de inferioridade de lado.
“Reprovamos
recentemente com tristeza a opinião que apresenta o casamento como meio único
de garantir à personalidade humana, o seu desenvolvimento e a sua perfeição
natural. Alguns afirmam, de fato, que a graça, comunicada ex opere operato
pelo sacramento do matrimônio, santifica o uso do casamento a ponto de o tornar
instrumento mais eficaz que a mesma virgindade para unir as almas a Deus,
porque o casamento cristão é um sacramento, mas não o é a virgindade. Nós declaramos,
porém, essa doutrina falsa e nociva. Sem dúvida, o sacramento concede aos
esposos a graça de cumprirem santamente o dever conjugal e reforça os laços do
afeto recíproco que os une; mas não foi instituído para fazer do uso do
matrimônio o meio mais apto, em si, para unir com o próprio Deus a alma dos
esposos pelos laços da caridade. Quando o apóstolo são Paulo reconhece
aos esposos o direito de se absterem algum tempo do uso do casamento para se
entregarem a oração (cf. 1 Cor 7, 5), não é exatamente porque tal renúncia
torna a alma mais livre para se dar às coisas divinas e orar?
Finalmente, não se pode afirmar, como fazem alguns, que "a ajuda
mútua", que os esposos procuram no matrimônio cristão, é ajuda mais
perfeita para conseguir a santidade do que a apregoada solidão do coração das
virgens e dos continentes. Pois, não obstante a renúncia a tal amor humano,
não se pode dizer que as pessoas, que abraçam o estado de perfeita castidade,
empobrecem por isso mesmo a sua personalidade humana. De fato, recebem
do próprio Deus um socorro espiritual muito superior à "mútua ajuda"
prestada pelos cônjuges entre si. Dedicando-se completamente àquele que é seu
princípio e lhes dá a participação da sua vida divina, longe de se diminuírem a
si mesmos, só se engrandecem o mais possível. Quem, com mais verdade que
os virgens, pode aplicar a si aquelas admiráveis palavras do apóstolo são
Paulo: "Vivo, já não eu, mas é Cristo que vive em mim"? (Gl 2, 20).
Também
julgamos dever notar que é completamente falso dizer que as pessoas que
professam castidade perfeita, deixam, em certo modo, de pertencer à comunidade
humana.
...
deve-se conceder sem rodeios que, por ser a virgindade mais perfeita que o
matrimônio, não se segue que seja necessária para alcançar a perfeição cristã.
Pode-se chegar a ser santo mesmo sem fazer voto de castidade, como o provam
numerosos santos e santas, que a Igreja honra com culto público, os quais foram
fiéis esposos e deram exemplo de excelentes pais ou mães de família; além
disso, não raro se encontram pessoas casadas que buscam com todo o empenho a
perfeição cristã. A castidade é conseqüência duma escolha livre e prudente.
Também
se há de notar que Deus não impõe a todos os cristãos a virgindade, como ensina
o apóstolo são Paulo: "Quanto às virgens, não tenho mandamento do Senhor,
mas dou conselho" (l Cor 7, 25). Portanto, é só conselho a castidade
perfeita: conduz com maior certeza e facilidade à perfeição evangélica e ao
reino dos céus "àqueles a quem isto foi concedido" (Mt 19, 11); por
isso, como bem adverte santo Ambrósio, a castidade "não se impõe, mas
propõe-se".
Sacra Virginitas,
Papa Pio XII
Não é
muito difícil de compreender, está nas Escrituras, mas o Senhor mesmo
disse que alguns não entenderiam, pois o celibato é um dom, um chamado:
"Seus discípulos
disseram-lhe: “Se tal é a condição do homem a respeito da mulher, é melhor não
se casar! Respondeu ele: “Nem todos são capazes de compreender o sentido dessa
palavra, mas somente aqueles a quem foi dado. Porque há eunucos que o são desde
o ventre de suas mães, há eunucos tornados tais pelas mãos dos homens e há
eunucos que a si mesmos se fizeram eunucos por amor do Reino dos Céus. Quem
puder compreender, compreenda”. (Mateus 19, 10-12)
"Pois quereria que
todos fossem como eu; mas cada um tem de Deus um dom particular: uns este,
outros aquele. "Aos solteiros e às viúvas, digo que lhes é bom se
permanecerem assim, como eu. " (I Coríntios 7, 7)
"Quisera ver-vos
livres de toda preocupação. O solteiro cuida das coisas que são do Senhor, de
como agradar ao Senhor. O casado preocupa-se com as coisas do mundo,
procurando agradar à sua esposa. "A mesma diferença existe com a mulher
solteira ou a virgem. Aquela que não é casada cuida das coisas do Senhor, para
ser santa no corpo e no espírito; mas a casada cuida das coisas do mundo,
procurando agradar ao marido. Digo isto para vosso proveito, não para vos
estender um laço, mas para vos ensinar o que melhor convém, o que vos poderá
unir ao Senhor sem partilha." (I Coríntios 7, 33-35)
“Por
essa razão, a castidade perfeita exige, da parte dos cristãos, que a
escolham livremente, antes de se oferecerem totalmente a Deus; e, da
parte de Deus, que ele comunique o seu dom e a sua graça (cf.1 Cor 7, 7).
Já o próprio divino Redentor prevenira: "Nem todos compreendem esta
palavra, mas aqueles a quem isto foi concedido... Quem pode compreender,
compreenda" (Mt 19, 11.12). São Jerônimo, considerando atentamente essa
sentença de Jesus Cristo, exorta "a
que examine cada um as suas forças, para ver se poderá cumprir os preceitos da
virgindade e da pureza. Em si, a castidade é agradável e atrai a todos. Mas há
que se medir as forças, de modo que compreenda quem puder compreender. É a voz
do Senhor a exortar, por assim dizer, e a animar os seus soldados para
conquistarem o prêmio da pureza. Quem pode compreender, compreenda; quem pode
lutar, lute, vença e triunfe".
...
para a abraçar, não se requer apenas o
propósito firme e expresso de renunciar completa e perpetuamente aos prazeres
legítimos do matrimônio; é preciso também dominar e acalmar, com vigilância e
combate constantes, as revoltas da carne e as paixões do coração, fugir das
solicitações do mundo e vencer as tentações do demônio. Com muita razão
dizia são João Crisóstomo: "A raiz e o fruto da virgindade é a vida
crucificada". Porque a virgindade, segundo santo Ambrósio, é
como um sacrifício, e a virgem é "a hóstia do pudor, a vítima da castidade". São
Metódio de Olimpo chega até a comparar as virgens aos mártires , e são Gregório
Magno ensina que a castidade perfeita supre o martírio:
"Mesmo tendo passado o tempo da perseguição, a nossa paz tem, ainda assim,
o seu martírio; porque, mesmo se já não metemos o pescoço debaixo do ferro, no
entanto matamos com uma espada espiritual os desejos carnais da nossa
alma". A castidade consagrada a Deus exige, portanto, almas fortes
e nobres, prontas para o combate e para a vitória "por amor do reino dos
céus" (Mt 19, 12).
Papa Pio XII
É mais perfeito
porque é mais meritório, esta é a Doutrina Católica.
Por outro lado, existem os que acreditam somente na vocação como parte da vivência
em uma comunidade ou como um acontecimento que existia antes e agora está ativo
novamente. Bem, isso já nos mostra uma carência no que se refere à História da
Igreja.
3) História do Celibato
Coloca-me
como sinete sobre o teu coração,
Como
sinete em teu braço,
Pois
o amor é forte, é como a morte
Cântico
8, 6
É comum que se tenha
atualmente uma visão muito limitada dos acontecimentos na Igreja, a maioria das
pessoas acreditam que só porque eles nunca viram algo, logo nunca existiu;
também acreditam que se eles estão vendo algo agora, o evento começou a ocorrer
agora. Mas a Igreja tem dois mil anos, não podemos ver os
acontecimentos como nos ensina a modernidade.
"... os santos
padres observam que a virgindade perpétua é um bem excelso nascido da religião
cristã. Com razão notam que os pagãos da antiguidade não
exigiram das vestais tal estado de vida senão por certo tempo; e
mandando o Antigo Testamento conservar e praticar a virgindade, fazia-o
só como exigência prévia do matrimônio (cf. Ex 22, 16-17; Dt 22,
23-29; Eclo 42, 9); além disso, como escreve santo
Ambrósio; "Lemos de fato que havia virgens no templo de Jerusalém.
Mas que diz delas o apóstolo? 'Todas estas coisas lhes aconteciam em figura' (1
Cor 10, 11), para serem indícios dos tempos futuros".
Carta Encíclica
Sacra Virginitas do Papa Pio XII (25 de Março de 1954)
Como vimos o celibato é
uma vocação que existe desde os primeiros séculos da Igreja. No entanto,
também existiam prefigurações desta vocação no templo de Jerusalém e até mesmo
entre os pagãos. Farei aqui um pequeno resumo, segundo os escritos de Regine
Pernoud.
Um dos templos mais
conhecidos entre os pagãos era o dedicado a deusa Vesta, lá viviam as vestais,
sacerdotisas virgens, que eram entregues ao templo por volta dos 3 a 6 anos e
lá ficavam até os 33 anos. Uma vestal, ao contrário do que dizem as feministas
new age, era colocada lá sem seu consentimento e ficavam responsáveis por
manter o fogo sagrado, caso ocorresse alguma derrota em batalha era sempre
atribuído a culpa as vestais e iniciado uma busca para encontrar a vestal
que se corrompera, caso ela fosse encontrada ou inventada, ela era
morta. Portanto, a castidade era algo visto com muito respeito entre os pagãos,
mas não era vivenciada por livre e espontânea vontade pelas vestais. Nenhuma
vestal era vestal porque escolheu ser. Depois de sair do templo pagão ela nem
sempre conseguiria casar-se, pois existia uma crença que dizia que quem se
casasse com uma antiga vestal teria má sorte. Ela tinha bens e terras,
normalmente, mas não era algo vivido com liberdade de escolha. Portanto,
longe de ser uma sacerdotisa super poderosa como apregoa essa onda neo pagã
atual.
Já as virgens do Templo
judeu eram vistas de forma mais amigável, mas a escolha também não era em
liberdade e o estado não era visto com bons olhos, aquela que não se casava, era
estéril ou viúva, mesmo estando no templo, era vista como infeliz.
Depois surgiu o
cristianismo, Cristo mesmo fez menção direta sobre a vocação, São Paulo também
e eis que surge nos primeiros séculos cristãos que mudaram com sua escolha toda
a percepção pagã e judaica sobre o celibato. Você se lembra da oração
eucarística em que o padre diz uma série de nomes (?): "Perpétua e
Felicidade, Barbara, Luzia...". Pois é, a maioria delas escolheu o
celibato e foram martirizadas, não só, mas também, por isso.
Na concepção de mundo
pagão não existia a possibilidade de uma pessoa decidir por si mesma, inclusive
uma mulher pagã nem mesmo tinha um nome seu. Lúcia, por exemplo, é um sobrenome
(feminino de Lucius) provavelmente o nome da família dela, os homens tinham
nomes mesmo, como Poncius Lucius, Cornélius Lucius, enfim. Isso mostra o nível
da mulher na sociedade pagã. As cristãs dos primeiros séculos escolheram por
si mesmas se consagrarem ao Senhor, rejeitando muitas delas reis e reinos, e
sendo mortas por isso.
A
individualidade humana, única e irrepetível, foi mostrada pelo Senhor e
afirmada com o sangue Dele e de celibatários que defenderam a autonomia da
pessoa.
Neste ponto considero
importante lembrar-lhe que os mosteiros só começaram a existir no século IV e
V. Ou seja: Santa Pudenciana, Santa Marinha, Santa Sofia, Santa Bárbara,
Santa Luzia, Santa Inês, Santa Cecília, Santa Eulália, Santa Margarida e tantas
outras, viveram fora de um mosteiro.
Mas devo seguir a história.
Depois que o cristianismo
se espalhou houve a formação de alguns grupos, sem nenhuma ordem exata,
principalmente nas regiões afastadas, dentre esses grupos estavam os Padres e
as Madres do Deserto. Eles viviam sozinhos, em grupos pequenos ou maiores, em
vida de penitência e oração. Com o tempo foram surgindo mosteiros que por
diversas razões, inclusive a obra da evangelização do Ocidente, foram se
espalhando, numa espécie de monges viajantes. Ou seja: existiam os que viviam
em suas casas, os que estavam no deserto sozinhos ou em pequenos grupos, os que
estavam nos primeiros mosteiros e os que estavam nos mosteiros e ainda pregavam.
As moças seguiram o mesmo caminho, começaram a surgir pequenos grupos em
lugares santos, muitas delas filhas espirituais de São Jerônimo e
Santo Agostinho, além do Carmelo já existente. E nesse ritmo foi crescendo as
comunidades de virgens e depois os mosteiros. Não aconteceu uma coisa e depois a outra, as coisas aconteciam e
existiam ao mesmo tempo.
Esses locais eram centros
de cultura e educação. Todo mosteiro era uma escola,
contrariando o que dizem atualmente, inclusive e principalmente os mosteiros
femininos, uma vez que o masculino era dedicado mais à penitencia. Alguns
comentários de São Jerônimo foram escritos a pedido de sua filha espiritual
Paula e outras irmãs que viviam em Belém, ela aprendeu hebraico para alegria de
seu pai espiritual. Então, o entendimento que temos desta época é
profundamente deturpado.
Enquanto isso a realidade
dos primeiros mosteiros e dos que vivem em pequenos grupos ou sozinhos
continuou a existir.
Beguinas |
A Idade Média avançava e
com ela a cristandade, no entanto, também aumentaram consideravelmente a
corrupção no clero e as heresias. Os grupos de celibatários e também os que
viviam sozinhos, assim como os mosteiros religiosos, aumentavam. Por volta de
1215 começou a surgir, mas explicitamente (pois o celibato já existia) um grupo
de celibatários chamados de begardos e beguinas, alguns viviam errantes, outros
em pequenas comunidades. Não existia entre eles uma ordem igual ao do mosteiro,
mas havia nos grupos femininos uma "Grande Senhora", que normalmente
era responsável pela organização dos atos. Os beguinos por sua vez eram
pregadores que andavam pelas cidades denunciando a corrupção do clero. Alguns
historiadores, a maioria meio aversos a idade média, outros nem tanto,
colocaram os beguinos entre os cátaros, mas não eram a mesma coisa, um dos
maiores exemplos dessa distinção é uma pessoa que fez toda a diferença em toda
essa história: São Francisco de Assis. Existiram erros entre eles, mas
esse grupo é de suma importância nessa história que estou a contar.
Mas continuando... os
beguinários começaram a se espalhar, alguns membros do clero os apoiaram e
outros eram completamente contra. Os beguinários foram supridos durante um
tempo, mas não adiantava, logo surgia centenas de beguinos na rua. Mas além da
ação masculina, mais pregadora, a maioria era responsável pela caridade. Não
podemos nos esquecer que os beguinários, grandes e pequenos, eram ricos em
cultura nessa época. E o que eles faziam (?): Santa Missa diária, leitura
espiritual, uma devoção mariana, confissão semanal, obras de caridade.
Basicamente, era essa a dinâmica, seja para os que viviam sozinhos, seja para
os que viviam em grupos pequenos.
Beguinas |
Devo dizer, novamente,
que elas não eram monjas, nem todas viviam em comunidade, digo isso por duas
razões:
1-
o celibato no mundo muitas vezes na
história ficou ocultado na ligação a algum grupo não monástico,
2-
as beguinas são e serão, cada vez mais no
futuro, usadas como uma espécie de antepassado feminista religioso, o mesmo
será feito com o celibato leigo, esse é um dos motivos desse artigo: defender
essa vocação, mas também a doação simples dessas irmãs esquecidas no curso da
história.
Também vale lembrar que a
regra de clausura começou a vigorar a partir 1298, por um decreto do Papa
Bonifácio VIII chamado Periculoso.
Portanto, a única distinção entre uma celibatária no mundo e uma monja era o tipo do voto, pois antes de 1298 não existia
a clausura como regra. O voto das beguinas e begardos vivendo em comunidade
ou sozinhos era privado; enquanto que
as monjas e monges faziam um voto público.
Depois do decreto foi acrescentado a está distinção do voto também o da
clausura, inclusive nós vemos como foi difícil esse decreto ser vivido na
história de Santa Roseline Sabran e ainda 200 anos depois no caso de Santa
Teresa de Jesus, na reforma.
Beguinas |
No entanto, para as
beguinas e begardos foi uma sucessão de acontecimentos até que foram
aceitos: o papa Clemente V e o Concílio de
Vienne acusam irrestritamente o movimento de heresia em 1312, vetando
toda a vida comunal. Esta atitude drástica foi revista por João XXII, que
reabilitou as beguinas, conquanto que se
submetessem à ortodoxia; ainda assim, muitos begardos e beguinas continuaram
sendo considerados hereges. A perseguição ao movimento aliviou
posteriormente, quando os papas Gregório XI e Bonifácio
IX enviaram bulas para as dioceses alemãs
e holandesas em defesa dos begardos ortodoxos, ou seja, que obedeciam
a Igreja.
Esse grupo de pessoas,
unidas ou sozinhas, causava grande inquietação, era um incomodo um grupo que
não se sabia direto como funcionava, mas ainda assim crescia absurdamente, até
que surgiu São Francisco, ele próprio no começo de sua missão viveu de
forma muito semelhante a um beguino, depois ele fundou a Ordem Franciscana, uma
ordem mendicante e que ainda denunciava muito dos abusos do clero. Ele, imbuído
da graça, iniciou a categoria das "ordens
terceiras", depois outros monteiros também adotaram o uso, como os
dominicanos. Assim os beguinários, beguinos e beguinas que viviam sozinhos ou
em pequenos grupos, adotaram a regra da ordem terceira franciscana e muitos
deles se uniram de fato à ordem terceira. Ou seja, São Francisco foi o
responsável por equilibrar a situação e dar certa ordem para os celibatários no
mundo.
Isso continua acontecendo
até que por volta de 1300 aparece uma pessoa que exemplifica bem a percepção do
celibato no mundo que hoje perdemos: Santa Catarina de Sena. Ela fez um voto
privado, mas foi obrigada a falar sobre o voto para justificar ao pai o motivo
que a impedia de casar-se, pela sua biografia e conduta ela nunca teve a
intenção de entrar em um convento, viveu praticamente toda a vida no fundo da
casa dos pais e só saiu dali para obedecer o Senhor, pois ela deveria encorajar
o Papa a voltar para Roma. Ela é a imagem pura do celibato no mundo.
No entanto, muitos não veem isso, pois ela tinha o desejo de se ligar a
terceira ordem dominicana e assim o fez, mas veja bem, a terceira ordem era para
casadas, ela recebeu uma admissão especial porque conseguiu se mostrar doente
às responsáveis e essas a tomaram como feia e inválida, ou seja, o seu voto não
teve nenhuma ligação com a admissão à terceira ordem. Um voto feito aos 7 anos
de idade, que ela confessou aos por volta dos 16 anos para os pais e que
permaneceu fiel por toda a vida. Muitos historiadores a colocam no grupo das
beguinas que viviam sozinhas, pois sua vida estava muito alinhada a essa
realidade.
Outro exemplo excepcional
é Santa Joana D'arc, fez o voto privado aos 13 anos, e viveu como uma
menina comum até ir para o campo de batalha.
Nesse tempo a Idade Média
começava a declinar, depois os beguinários sofreram muito, com a rebelião protestante
que destruiu muitas vocações e os levou gradativamente uma a quase extinção. No
entanto, ainda existem alguns beguinários na Europa.
Depois o celibato ficou
dissolvido em terceiras ordens e grupos que foram surgindo gradativamente, um
desses grupos é as Filhas de Maria, que não é para celibatárias somente (!) mas
foi aplicado diversas vezes por padres que estavam buscando vocações, de um
desses grupos saiu um grupo de leigas que viviam como religiosas em casa; de algumas
delas, algumas - pois as outras se mantiveram vivendo em suas casas - saiu
a Congregação das Ursulinas e também a Congregação de Nossa Senhora Auxiliadora
que é ramo feminino dos salesianos.
O celibato nunca
foi extinto ou ficou inativo (como já disse, não é porque
não vemos explicitamente que não existe ou existiu), como você vê nem mesmo na
Idade Média isso aconteceu, inclusive foi a porta de entrada para uma das
maiores ordens católicas do mundo: os franciscanos. Não, o celibato nunca
ficou ou ficará inativo, pois o Espírito Santo nunca fica inativo e o celibato
é o fruto mais nítido de sua ação na Igreja, principalmente quando está em
crise.
Comprovo-o lhe mostrando
alguns, somente alguns, exemplos de celibatários pela história, depois
dos primeiros séculos. Lembre-se, não é porque você não viu, que nunca lhe
contaram, que não existiu ou existe:
Santos, Beatos e Veneráveis Leigos Celibatários
- Hardewijck de
Antuérpia (mística, beguina, Idade Média entre 1200- 1300)
- Santa Catarina de
Sena (mística, filosofa e teóloga escolástica, mas também era servia dos
pais em casa 1347-1380; voto privado aos 7 anos, se uniu a Ordem
Terceira Dominicana)
- Santa Joana D'arc
(camponesa e heroína da França, faleceu em 1431, voto privado aos 13
anos)
- Santa Gema
(mística, 1878-1902, voto privado aos 21 anos)
- Beato Contardo Ferrini
(advogado civil e canônico e professor acadêmico, 1859 - 1902, se jurou a
Deus (voto privado) e se uniu, ainda exercendo seu trabalho já citado, a
Ordem Terceira Franciscana e era membro da Sociedade São Vicente de Paulo)
- São Giuseppe Moscati
(médico, voto privado, 1880-1927)
- Beato Bartolomeu Longo
(advogado, membro da Ordem Terceira Dominicana, Fundador das Filhas do Santo
Rosário, voto privado, 1841-1926)
- Beata Angela Salawa
(empregada doméstica, depois serviu como enfermeira nos hospitais da Primeira
Guerra Mundial, era membro da Terceira Ordem Franciscana, voto privado,
1881-1922).
- Beata Alexandrina
Balazar (mística e membro da Associação dos Salesianos
Cooperadores, 1904-1955, voto privado).
- Marcela Patty
(a última beguina, tocava órgão na Santa Missa, 1920-2013)
- Maria de Dignies,
a quem o bem conhecido bispo de Acre, Jacques de Vitry, declara dever a sua
conversão e vocação.
Como vê a vida de um
celibatário pode ser vivenciada de tantas formas quanto é possível viver no
mundo sem ser do mundo, basta uma decisão para que o jorro da graça aconteça.
Também é possível notar que, opostamente ao que dizem alguns pouco
esclarecidos, o celibato não é um voto para tornar mais fácil a vida profissional,
inclusive veremos que este é um motivo para não fazer o voto já que é sinal
de egoísmo ou superficialidade. Também vemos que é inverídica a fala de
que o celibato é algo novo, que foi uma porta aberta depois de 1960, esta
afirmação é contraria a realidade manifesta na vida dessas e de outras pessoas
que viveram a sua vocação no ocultamento completo.
Aproveito também para manifestar
o quanto é terrível e profundamente desrespeitoso debochar de um chamado por
conta de percepções dualistas dentro da Igreja, como se um chamado fosse
propriedade de uma linha x ou y de pensamento teológico ou pastoral. O
celibato é um chamado divino existente na Igreja Primitiva, na Idade Média,
antes e depois do Concilio Vaticano II, pois é a flor que nasceu, nasce e nascerá
do sopro do Espírito Santo que sempre nutriu e sempre nutrirá a Igreja em todos
os tempos, pois o Senhor é Imutável, portanto, respeitem a vocação e não a profanem
com apropriações indevidas ou deboches desmedidos, pois ambos os
posicionamentos são mentirosos: tanto o que debocha como se fosse algo indesejável
e contrário à Tradição, quanto o outro que se apropria indevidamente partindo
da premissa equivocada de que é algo maravilhosamente novo.
Aos que possuem alguma
questão de discernimento quanto ao celibato e como estes vivem, parte desta
resposta já foi dada na dinâmica das beguinas e na leitura que poderá fazer ao
pesquisar a vida dos santos, beatos e veneráveis citados acima, a vida deles já
lhe dirá a rotina de um celibatário, no geral, e a conjuntura enorme de
possibilidades, além de lhe dar alguma referência de vida já aprovada pela
Santa Igreja. Caso você tenha algum outro nome para acrescentar a lista, por
gentileza, ficaria feliz que mencionasse nos comentários para que eu possa
incluir.
4) Metafísica e Escatologia
Tu
que habitas nos jardins,
Companheiros
te ouvem atentos,
Faze-me
ouvir tua voz!
Cântico
8, 13
Metafísica é a matéria
que estuda, basicamente, aquilo que transcende o visível. Já a Escatologia
é a doutrina que estuda o que acontecerá no fim dos tempos, durante e após a
segunda vinda do Senhor.
O celibato seja ele
vivenciado sozinho ou em comunidade e acima de todos o sacerdotal, é o florão
mais puro da Igreja. É em si mesmo um sinal visível do
invisível. Toda alma humana foi criada para se unir a Deus, podemos
dizer que toda alma humana foi criada para se casar com Deus e Ele fala sobre isso
em diversos momentos nas Sagradas Escrituras. O celibatário é aquele que ao
jurar sua vivencia na castidade para toda a vida entra num noivado com o
Senhor. Os casais se unem até que a morte os separe, os celibatários vivem
até que a morte os una ao Noivo, seu Senhor. Portanto, a vida do celibatário
se torna um sinal visível de uma realidade e verdade invisível, a sua
existência é o lembrete de Deus, pelos séculos, do chamado Divino à toda alma
humana individual, irrepetível.
Essa ação se amplifica
para a relação da Igreja com o Senhor. Os celibatários são a porção separada
dentro do corpo Místico de Cristo para dar a Deus uma adoração de doação pura,
para antecipar a vivencia do esponsal indiviso com Ele e para pedir pela
purificação e santificação do restante do Corpo.
E por fim, esta ação
se amplifica para a humanidade, nela os celibatários no mundo (tanto os leigos
nas comunidades paroquiais ou em instituto e comunidades, quanto os padres) possuem
uma ação missionário radical inerente, eles existem para ser a parcela
consagrada da humanidade no mundo, faróis que mostram a terra segura, que guiam
os perdidos em alto mar. O lembrete vivo do Plano Salvífico do Senhor e de
seu desejo de se unir as almas na Eternidade.
Resumindo: eles são como
pequenas velas, que quando acessas não sentimos a presença de forma notável,
mas que causam muita falta quando são apagadas, pois a escuridão se torna mais palpável.
É uma vocação que se vive
no ocultamente e escondimento, exceto em situações
como essa em que é preciso falar sobre o assunto para evitar erros e dar algum
conteúdo seguro para os que estão em dúvida, ou para os que já são celibatários
e os padres, confesso que não estou a escrever por gosto, mas por amor à Verdade.
“Sozinhas ou associadas,
constituem uma imagem escatológica especial da Esposa celeste e da vida futura,
quando, finalmente, a Igreja viverá em plenitude o seu amor por Cristo Esposo.” (Vita
Consecrata, 25 de março , 1996, Papa São João Paulo II)
5) Discernimento
“Sua
mão esquerda
Está
sob minha cabeça,
E
com a direita me abraça”
Cântico
2, 6
A escolha pelo celibato
pode ocorrer por diversos motivos, desde impossibilidade para a vida religiosa
até uma escolha pura e simples para isso. Mas, o fato decisivo é: ninguém
poderá decidir por você. Portanto, não espere que a resposta venha de outro
lugar que não seja você mesmo, é o milagre da escolha, o milagre do livre
arbítrio, até mesmo no que se refere ao caminho para a felicidade.
Alguns me perguntam sobre
os sinais da vocação, bem, eu particularmente não gosto desta forma de
ver a vocação pois parece uma gripe que detectamos através dos sintomas, mas
acontece que não é assim, eu não conheço um único celibatário que tenha tido um
caminho de discernimento igual a outro, são todos únicos e, principalmente,
muito sutis e ordinários. E acima de tudo, também não é saudável usar a escolha
da vocação como uma boia “salva vidas”, como se tudo se resolvesse magicamente
se você se refugiar numa determinada resposta a essa pergunta. A sua vocação
é a santidade, então antes de escolher onde irá, como fazer tal e tal
coisa, antes de saber como vive o fulano e ciclano para ver se você “acha
legal”, é fundamental ver a sua vida de oração, a vivencia dos sacramentos,
se você está estruturado como pessoa ou se é muito imaturo e cheio de melindres,
se você vive a castidade em obediência ao mandamento e não como um test drive
para ver se vai dar certo, já que a castidade é um preceito e não um teste.
Se você buscar estruturar esses pontos, as outras setas aparecerão, então se
acalme e faça o básico primeiro.
No entanto, cabe colocar
aqui alguns pontos citados por São Tomás como sinais de vocação: insatisfação
pelas coisas do mundo, forte desejo de levar vida pura, desejar ter a vocação já
é um indicio que possa tê-la, atração para coisas espirituais e oração maior
que para as coisas do mundo, disposição a entrega, ao sacrifício e ao esforço
para ajudar as pessoas, espírito de generosidade para com Deus (querer entregar
tudo quanto possa entregar e cada vez mais), horror ao pecado, desejo de se
consagrar pela conversão das pessoas, o zelo pelas almas e pela salvação das
almas. Santo Tomás diz que todo desejo pela vocação consagrada vem de Deus.
Já Santo Alberto Hustado alerta que até o pavor da vocação pode ser vocação, já
que o demônio pode lhes lançar medos e temores para que desistam. Lembrando que
Deus é infinitamente maior que o demônio e que a graça nunca falta àqueles que
buscam o caminho do Senhor.
Também é comum durante o
discernimento o uso de termos e sugestões que são completamente
equivocados. Colocarei aqui alguns deles, mas gostaria que entendessem o
raciocínio para que possam empregar tal ordem em outras situações equivocas que
possam surgir.
O primeiro é o uso do termo
celibato para a situação de alguém que vive a castidade sem nenhum voto,
o uso está errado pois tal ato é uma obediência ao mandamento, portanto,
matéria básica para todo cristão não casado, não é um voto, não é uma
entrega, é simplesmente obedecer a lei de Deus, é buscar viver na ordem divina.
Logo, quem está sem namorar ou não sabe a vocação, quem está namorando, está noivo
ou está se equilibrando de tendências homoafetivas, as mulheres ou homens que
já foram casados e agora guardam seu voto do matrimônio na castidade para não
adulterar, todos estes vivem a castidade exigida pelo mandamento, estão
seguindo a ordem divina, mas não estão vivendo um voto perpetuo de doação,
não é celibato, seja pela situação que é transitória, seja pela carência do
equilíbrio exigido na vida consagrada diante de um voto ao Senhor privado ou
público (como já vimos anteriormente), seja pela ligação a um voto de matrimônio
ainda vigente. Espero que tenha sido feliz em explicar essa diferença.
O segundo é a respeito do
termo “celibato formativo”. O termo é inadequado pela realidade da
coisa, muitas vezes esse período funciona dentro da “mentalidade do test
drive”, em que a pessoa testa se ela conseguirá ficar sem paquerar, se
interessar por alguém e viver a castidade. Ora, isso a pessoa já pode viver
vivendo a castidade (que é preceito), e se ela tem dificuldade na castidade,
ela não está se formando no celibato, está se formando na vivencia do
mandamento, que é para todo cristão. Então o celibato formativo não existe.
Inclusive, não existe test drive para vocação e é aí que está toda a
radicalidade da questão.
Neste ponto é preciso
falar da atual mentalidade e, pior, da atitude de testar namorar antes
de escolher o celibato, seja lá em que forma for. Eu confesso que me sinto um
pouco perplexa ao ter que explicar isso: que as pessoas não são carros.
Você não pode testar se a sua vocação é o matrimônio, usando uma pessoa
e os sentimentos dela num teste, num ato que, vivido honestamente, é
destinado ao casamento! Isso é horrível! É egoísta! As pessoas não estão
no mundo para servir a sua indecisão e falta de fibra. Se você
não sabe o que quer, não use outra pessoa para testar se vai dar certo ou não.
As pessoas não são carros! O mesmo vale para os que entram no
seminário e ficam com um pé dentro e outro fora usando dos ensinamentos do
seminário e depois caem fora, como quem já se esbaldou numa festa e não
encontra mais nada de útil, o seminário é para formar padres, não para ser
refugio de quem não sabe o quer ou quer suporte enquanto faz um curso. A
Igreja não é a casa da mãe joana.
Existem ainda aqueles que
se preocupam com o futuro se (se) eles tomarem esta decisão. Primeiro,
cabe lembrar que mais importa se está trilhando o caminho de santidade agora,
do que com o futuro de uma escolha que nem mesmo foi tomada, pois simplesmente
é o mais inteligente. Segundo, mesmo que você escolha o casamento ou uma
comunidade numerosa ninguém lhe garante que você terá amparo, ou não morrerá
sozinho, sei que parece um pouco duro para alguns pensar nisso, mas a verdade é
que: mesmo que você se case quem lhe garante que você morrerá no mesmo dia e
hora que seu cônjuge? Quem lhe garante que ficará sempre acompanhado? Ou que
terá tudo de temporal que for preciso? A moral da história é: nós estamos
sempre nas mãos da Providência, uns conscientemente, outros inconscientemente.
Mas como já vimos, nas
histórias dos celibatários citadas acima, todos os celibatários trabalham, seja
os que estão fora ou dentro dos mosteiros e comunidades, todos trabalham,
pois quem não trabalha não deve comer, portanto, seu sustento virá do
seu trabalho e da Providência que é a paga do trabalho gratuito pelo Evangelho.
Todo celibatário trabalha para o Rei mais justo e benévolo do mundo, mas
tem que trabalhar.
Quanto aos outros
possíveis motivadores não puros para a escolha da vocação como briga com os
pais, insatisfação com o trabalho, querer se encaixar a qualquer custo, ter
algo para responder às pessoas sobre a vocação, não ter encontrado a sua outra
metade ou ainda querer viver o celibato de forma temporária e assim que passar
um trem bonito deixar Jesus e ir com o trem bonito, ou então visando ter tempo
para o trabalho e a vida sozinho, ou viver sozinho sem que ninguém lhe desgastando
a paciência; enfim sobre esses motivos, um tanto egoístas, deixo abaixo a
resposta:
"Daqui se segue –
como os santos padres e os doutores da Igreja claramente ensinaram – que a
virgindade não é virtude cristã se não é praticada "por amor do reino dos
céus" (Mt 19, 12); isto é, para mais facilmente nos entregarmos às coisas
divinas, para mais seguramente alcançarmos a bem-aventurança, e para mais livre
e eficazmente podermos levar os outros para o reino dos céus.
Não podem, portanto,
reivindicar o título de virgens as pessoas que se abstêm do matrimônio por puro
egoísmo, ou para evitarem seus encargos, como nota santo Agostinho, ou
ainda por amor farisaico e orgulhoso da própria integridade corporal: já o
concílio de Gangres condena a virgem e o continente que se afastam do
matrimônio por o considerarem coisa abominável, e não por se moverem pela
beleza e santidade da virgindade.
Além disso, o apóstolo
das gentes, inspirado pelo Espírito Santo, observa: "Quem está sem mulher,
está cuidadoso das coisas que são do Senhor, como há de agradar a Deus... E a
mulher solteira e virgem cuida das coisas que são do Senhor, para ser santa de
corpo e de espírito" (1 Cor 7, 32.34). É essa, portanto, a finalidade
primordial e a razão principal da virgindade cristã: encaminhar-se apenas
para as coisas de Deus e orientar, para ele só, o espírito e o coração; querer
agradar a Deus em tudo; concentrar nele o pensamento e consagrar-lhe
inteiramente o corpo e a alma.” ( Sacra Virginitas, Papa
Pio XII, 1954)
Então se você acha que
quer o celibato para viver melhor sozinho e ser feliz sozinho, numa emancipação
feminista travestida de cristianismo, ou ainda numa esperança de se “encostar”
na Igreja para ter uma vida mais fácil, devo lhe avisar que a sua intenção está
corrompida e como diz São Tomás se a intenção está corrompida nem mesmo o ato que
tem tudo para ser virtuoso o será, pois a intenção está corrompida. Talvez
deva rever isso com urgência com um bom padre.
‘Em
cada etapa dos itinerários de discernimento e de formação deve realizar-se o acompanhamento
espiritua”. (Ecclesiae Sponsae Imago, 8 de junho 2018)
Neste ponto me vejo
obrigada a falar de um assunto que muitos deveriam intuir, no entanto, como
vivemos num mundo em que certas sutilezas se tornaram inexistentes, me vejo
obrigada a falar que: mesmo que a moça não seja mais virgem poderá se consagrar
nesse matrimonio espiritual, assim como viúvas e viúvos (salvo os casos já
citados anteriormente e os que serão citados posteriormente).
Esse vínculo de perfeita
castidade consideraram-no os santos padres como uma espécie de matrimônio
espiritual da alma com Cristo; e, por isso, chegaram alguns a comparar com o
adultério a violação dessa promessa de fidelidade. Santo Atanásio escreve que a
Igreja católica costuma chamar esposas de Cristo às virgens. E santo
Ambrósio diz expressamente da alma consagrada: "É virgem quem possui a
Deus como esposo". Mais ainda, vê-se pelos escritos do mesmo
doutor de Milão, que, já no quarto século, o rito da consagração das virgens
era muito semelhante ao que a Igreja usa ainda hoje na bênção matrimonial. (Sacra
Virginitas, Papa Pio XII, 1954)
6) Estilo de Vida
Fala
meu amado, e me diz: “Levanta-te, minha amada,
Formosa
minha: já passou! Olha a chuva: já se foi!
As
flores florescem na terra, o tempo da poda vem vindo,
E o canto da rola, está se ouvindo em nosso
campo.
Despontam
figos na figueira, e a vinha florida exala perfume.
Levanta-te
minha amada, formosa minha, vem a mim!”
Cântico
2, 10-13
Como disse anteriormente
a maior parte das dúvidas nesta questão vem ou da curiosidade vã ou do desejo em
querer ter algo predeterminado. Para sanar as dúvidas daqueles que tem uma reta
intenção já lhes dei uma série de nomes de celibatários que podem pesquisar a
biografia, seus hábitos de oração, trabalho, oficio ou missão; e com isso você
terá referências sobre este ponto. Mas segue abaixo alguns pontos
adicionais.
Espiritualidade e Rotina de Oração
O carisma da vocação é o
esponsal com o Senhor.
“Para que os carismas
pessoais sejam reconhecidos, acolhidos e vividos na sua autenticidade, as
mulheres consagradas se deixam acompanhar e amparar pela Igreja na ação
constante do discernimento humilde, para compreender qual é a vontade de Deus
para a sua vida ( Rm 12, 2). Trata-se de interpretar com inteligência e
sabedoria evangélica a experiência espiritual de cada consagrada, levando em
consideração sua história e o contexto eclesial e social específico em que
vive.
A
oração é para as mulheres consagradas uma exigência de amor para «contemplar a
beleza dAquele que as ama» e de comunhão com o Amado e com o mundo onde se
encontram.
O
ano litúrgico é a “estrada principal” para as virgens consagradas, que
deve ser percorrida com os irmãos para caminhar ao encontro de Cristo
Esposo. Elas se deixam guiar pela pedagogia da Igreja que os guia na
compreensão, na celebração e na assimilação, cada vez mais, do mistério de
Cristo.
Elas
colocam a Eucaristia no centro da sua vida, o sacramento da Aliança
esponsal da qual brota a graça da sua consagração . Chamados a
viver na intimidade com o Senhor, na empatia e na conformidade com Ele, na
participação possivelmente quotidiana da celebração eucarística recebem o Pão
da vida da Palavra de Deus e do Corpo de Cristo.
Mediante
a sua fidelidade quotidiana ao Ofício Divino... prolongam no tempo a
memória da salvação e permitem que a extraordinária riqueza do mistério pascal
influencie e sejam espalhados por cada hora de suas vidas. Na celebração
da Liturgia das Horas, em particular das Laudes e das Vésperas , elas
se permitem ressoar e assimilar os sentimentos de Cristo, unir a sua voz à da
Igreja e apresentar ao Pai o grito de alegria e da dor, muitas vezes
inconsciente, que surge da humanidade e de toda a criação.
Aprofundam
e reavivam a relação com o Senhor Jesus, reservando momentos oportunos para
retiros e exercícios espirituais. Eles também valorizam formas e
métodos de oração que pertencem à tradição da Igreja, incluindo exercícios
piedosos e outras expressões de piedade popular.
Cultivam
uma devoção cheia de afeto e confiança filial à Virgem Maria, «Senhora da
virgindade», modelo e padroeira de toda a vida consagrada , da qual
aprendem todos os dias a louvar o Senhor.” (Ecclesiae
Sponsae Imago, 8 de junho 2018)
Condições de Vida
“Um
traço característico deste modo de vida são as raízes das mulheres consagradas
na Igreja particular
e, por conseguinte, num contexto cultural e social específico: a consagração as
reserva para Deus sem as tornar alheias ao meio onde vivem e são chamadas fazer
o seu próprio testemunho... Podem viver sozinhas, em família,
junto com outras consagradas ou em outras situações favoráveis à expressão de
sua vocação, que lhes permitam viver concretamente seu projeto de vida. Elas sustentam seu sustento
com os frutos de seu trabalho e recursos pessoais... se vestem e guardam os
costumes do meio em que vivem, combinando o decoro e a expressão da sua
personalidade com valor de sobriedade, de acordo com as exigências de
sua condição social.
A sua
dedicação à Igreja manifesta-se no reconhecimento "marcada pelo fogo"
pela "missão de iluminar, abençoar, vivificar, erguer, curar, libertar”, na paixão pelo anúncio do
Evangelho, pela edificação da comunidade cristã...
Aprendem
com o Esposo, manso e humilde de coração ( Mt 11,29), a viver na esperança e no abandono a Deus,
também quando avançam nas diferentes etapas sucessivas da vida, doença,
sofrimento moral ou outras situações em que vivenciam o drama, a fragilidade e
a precariedade da existência . Aceitando até ao fim o amor esponsal do
Crucificado e Ressuscitado, confiam n'Ele para viver também na morte o sentido
pascal da existência.
Com
a sua consagração, recordam a todos que a origem, o sentido e o destino da
história humana se encontram no santo mistério de Deus.
As
mulheres ... permanecem enraizadas na porção do povo de Deus onde já vivem ...
A
Igreja particular, nos seus vários componentes, é chamada a acolher a vocação
das mulheres consagradas, a acompanhar e a sustentar o seu caminho,
reconhecendo que a consagração virginal e os carismas pessoais de cada mulher
consagrada são dons para a evangelização, a edificação da comunidade e a
comunidade eclesial. Elas, por sua vez, prestam atenção constante ao
magistério do Bispo diocesano e se deixam questionar por suas opções pastorais,
para acolhê-las com responsabilidade, inteligência e criatividade... as
intenções do Bispo levam à sua oração.” (Ecclesiae Sponsae Imago, 8 de
junho 2018)
7) Ordo Virginum
“Meu
amado é meu e eu sou do meu amado,
Do
pastor das açucenas”
Cântico
2, 16
Consagração Ordo Virginum em Valência, 2017 ps: o véu não é de uso exclusivo desta consagração, como será dito no ponto "Pontos de Esclarecimento" |
Como já vimos a realidade
do celibato está atrelada ao voto privado ou ao público. O voto privado deve
ser feito com uma determinada determinação, uma total convicção, após
ponderação pessoal e reflexões com o diretor espiritual (tal processo pode
demorar anos, mas deve ser feito com seriedade e ser especialmente dedicado
a formação madura para afastar os medos). O voto privado deve ser feito com
espírito de honestidade, visando uma vida em conformidade com a doação e
entrega característicos dos que se consagram a Deus. É vivido, em sua
maioria, no escondimento e na entrega nos atos cotidianos, embasado no efeito
real e eficaz de uma promessa feita a Deus, como já vimos nas vidas dos santos,
beatos e veneráveis celibatários. Um voto privado é um ato de matéria
grave e, portanto, deve ser feito com muita responsabilidade. A quebra
de voto é pecado contra o segundo mandamento, pois o nome de Deus foi usado em
vão, é uma ofensa ao Coração Divino. Honrar o voto é honrar o Nome Santo
de Deus.
Vimos também, que muitos
celibatários viveram em voto privado a vida toda e se santificaram vivendo-o. Também
vimos, que o voto público era vivenciado, somente nos mosteiros. Neste ponto,
preciso continuar a história. O Rito de Consagração (chamado Rito das Virgens)
existia na Igreja Primitiva, mas com o tempo o Rito cedeu lugar ao Rito das
admissões nas Ordens Religiosas. O Rito de consagração das virgens no mundo
caiu em desuso, não o celibato no mundo. No entanto, como vimos na história
da Venerável Carla Ronci, existiam alguns Institutos, que mesmo antes de 1960,
possuíam a opção deste rito, ainda sem a configuração de comunidade, devemos
considerar que ela não era a única no instituto, logo existia uma premissa, ao
menos regional. Mas realmente, também notamos que não devia ser algo comum, mas
uma concessão especial ao devido Instituto.
Observando o crescimento
dos leigos celibatários a Santa Sé, que já tinha sobre nós um olhar atento
desde o Papa XII e muito antes, como vimos, fez, no pontificado de Paulo VI, a
revisão do rito de consagração, oferecendo agora o voto público e, o mais
importante, as orientações específicas sobre o estado de vida, postura do bispo
responsável e outras questões pastorais que precisavam de orientação mais
clara. As mulheres que fazem o voto público utilizando este rito são admitidas
na Ordo Virginum. Que nada mais é do que uma porta aberta pela Igreja para
facilitar a orientação das celibatárias, a sua posição na Igreja e o
reconhecimento delas pela mesma (mesmo que já houvesse citações em outros
documentos, não havia um documento específico para o celibato no mundo,
principalmente visando a orientação dos bispos).
A Ordo Virginum é uma
orientação de algo que sempre existiu e a opção somada a orientação do voto
público dentro da comunidade paroquial pelas mãos do bispo diocesano.
Portanto, para voto privado e o voto público é importante a observação de tudo
o que foi dito antes, mais o que será dito abaixo:
“A admissão à
consagração exige que, pela idade, maturidade humana e espiritual e pela estima
que goza na comunidade cristã onde está inserida, a candidata confie em que
pode assumir com responsabilidade os compromissos que derivam da consagração.
Também requer que a pessoa nunca tenha sido casada e não tenha vivido
pública e manifestamente em um estado contrário à castidade.
Nas mulheres que aceitaram esta vocação e corresponderam à decisão de
perseverar na virgindade ao longo da vida, os Padres da Igreja viram refletida
a imagem da Igreja Esposa totalmente dedicada ao seu Marido; é por isso que
elas foram chamadas de Sponsae Christi , Christo dicatae , Christo maritate ,
Deo nuptae (Santo Atanásio) . No corpo vivo da Igreja, elas apareceram
como um coetu (companhia) institucionalizado, chamado Ordo Virginum (São
Basílio)
A partir do século IV, a entrada na Ordo Virginum fazia-se por meio de
um rito litúrgico solene, presidido pelo Bispo diocesano. No meio da comunidade
reunida para a celebração eucarística, a mulher manifestou o sanctum propositum
de permanecer toda a vida na virgindade por amor a Cristo, e o Bispo pronunciou
a oração consagrativa. Como atestam os escritos de Ambrósio de Milão e
sucessivamente as fontes litúrgicas mais antigas, o simbolismo nupcial do rito
ficou particularmente evidente pela imposição do véu sobre a virgem pelo Bispo,
um gesto que correspondeu à velatio da esposa na celebração de casamento.
Os ritos de entrada na vida monástica eram paralelos e, na maioria dos
mosteiros, substituíam a celebração da consagração virginum. Apenas algumas
famílias monásticas nas quais foram feitos votos solenes mantiveram este rito.
Desta forma, a consagração virginal das mulheres que permanecem no seu
ambiente de vida ordinária, enraizada na comunidade diocesana reunida em torno
do Bispo, foi explicitamente reconhecida pela Igreja, segundo a modalidade do
antigo Ordo Virginum, sem ser designada a um Instituto de vida consagrada.
O próprio texto litúrgico e as normas nele estabelecidas delineiam nos
elementos essenciais a fisionomia e a disciplina desta forma de vida
consagrada, cujo caráter institucional - próprio e distinto dos Institutos de
vida consagrada - foi sucessivamente confirmado pelo Código Canônico (cân. 604).
Da mesma forma, o Código dos Cânones das Igrejas Orientais também explicitou a
possibilidade de que nas Igrejas Orientais o direito particular constitua
virgens consagradas que professam publicamente a castidade no século “por conta
própria”, isto é, sem os laços de pertencer a um instituto de vida consagrada
(cân. 570).
Para verificar a
experiência espiritual, o seguinte é de particular importância:
a )
o sentimento de pertença a Cristo e o desejo de configurar toda a
existência "ao Senhor Jesus e à sua oblação total " como
resposta de amor ao seu amor infinito ;
b )
o sentido de pertença à Igreja, vivido concretamente na participação na
vida da comunidade cristã, mantido por um profundo amor à comunidade eclesial,
pela celebração dos sacramentos e por uma atitude de obediência filial ao Bispo
diocesano;
c )
zelo pela dimensão contemplativa da vida e fidelidade à disciplina
espiritual, momentos de oração, seus ritmos e suas diferentes formas;
d )
assiduidade na caminhada penitencial, ascética e de acompanhamento espiritual;
e )
o interesse em aprofundar o conhecimento da Escritura, dos conteúdos da
fé, da liturgia, da história e do magistério da Igreja;
f )
a paixão pelo Reino de Deus, que se dispõe a interpretar a realidade do
próprio tempo segundo critérios evangélicos, a agir na realidade com sentido de
responsabilidade e amor preferencial pelos pobres;
g )
a presença de uma intuição sintética e global da própria vocação, que demonstra
um conhecimento realista da própria história, das próprias qualidades -
recursos, limites, desejos, aspirações, motivações - e que condiz com o modo de
vida dos indivíduos da Ordo virginum.
Para avaliar o
grau de maturidade humana, os seguintes sinais serão levados em consideração:
a )
Um autoconhecimento realista e uma consciência objetiva e serena dos
próprios talentos e limites, aliados a uma clara capacidade de autodeterminação
e a uma atitude adequada e suficiente para assumir responsabilidades.
b )
a capacidade de estabelecer relações saudáveis, serenas e não egoístas
com homens e mulheres, juntamente com uma compreensão correta do valor do
casamento e da maternidade;
c )
a capacidade de integrar a sexualidade na identidade pessoal e de direcionar
as energias afetivas para expressar sua feminilidade em uma vida casta que se
abre a uma grande fecundidade espiritual ;
d )
o trabalho e a capacidade profissional para se sustentar de forma digna;
e )
atitude comprovada de processar sofrimentos e frustrações e
também de dar e receber perdão como possíveis passos para a realização humana;
f )
fidelidade à palavra dada e aos compromissos adquiridos;
g )
o uso responsável dos bens, redes sociais e tempo livre.”
(Ecclesiae
Sponsae Imago, 8 de junho 2018)
O Processo para a Ordo Virginum, Admissão e Transferência
“Como
és bela, minha amada,
Como
és bela!...
São
pombas
Teus
olhos escondidos sob o véu”
Cântico
4, 1
Ocorre um período de
orientação para ajustar se o desejo da candidata é puro, depois um período
formativo visando suprir falhas de formação da candidata e por fim os votos.
Tais etapas são acompanhadas pelo bispo, mas podem ser delegadas para um
sacerdote ou ainda uma das consagradas responsáveis presentes na diocese, se
houver.
“A admissão
à consagração requer certeza moral sobre a autenticidade da vocação do
candidato, a existência real de um carisma virginal e a subsistência das
condições e pressupostos para que o interessado aceite e corresponda à graça da
consagração, e que testemunhe com eloquência a própria vocação, perseverando
nela e crescendo na doação generosa ao Senhor e aos irmãos.
Se a avaliação levar à
sua admissão à consagração, o Bispo acordará com a candidata a data e o local
da celebração, tendo em conta as indicações constantes do Pontifício a este
respeito.
É conveniente preparar a
comunidade para uma participação fecunda na liturgia da consagração, com
o convite a acompanhar a consagrada na oração e com uma catequese específica
sobre as características desta vocação. Na preparação e no
desenvolvimento do rito, procurar-se-á introduzir na assembleia o mistério
nupcial de Cristo e da Igreja que se celebra, com a nobre sobriedade dos
gestos, dos cantos, dos sinais propostos.
A consagração, uma
vez realizada, será documentada por uma inscrição
no registro da Ordo Virginum , assinada pelo ministro
celebrante, pelo interessado e por duas testemunhas, e que, ordinariamente,
será conservada na Cúria diocesana . O
certificado correspondente será entregue ao interessado. Além disso, é
conveniente que o Bispo providencie para que a consagração celebrada seja
comunicada ao pároco competente para que seja anotada no registo de batismo.
.... o Diretório para a pastoral dos Bispos Apostolorum Successores ,
em continuidade com a antiga tradição eclesial, voltou a afirmar que o Bispo
diocesano deve ter uma preocupação particular com a Ordo Virginum , porque as
virgens são consagradas a Deus através das suas mãos e a Igreja as confia aos
seus cuidados pastorais.
Em sinergia com o
magistério e a ação dos Bispos diocesanos, a Sé Apostólica tem mantido uma
atenção constante ao Ordo Virginum , colocando-se ao serviço das Igrejas
particulares, para favorecer o renascimento e o desenvolvimento desta forma de
vida, segundo o seu características peculiares.
Durante o rito, as
mulheres consagradas expressam o sanctum propositum , ou seja, a vontade
firme e definitiva de perseverar ao longo da vida na castidade perfeita e no
serviço de Deus e da Igreja, seguindo Cristo como o Evangelho se propõe a dar
ao mundo um testemunho vivo de amor e sinal explícito do Reino futuro.
Compete ao Bispo
diocesano acolher como dom do Espírito as vocações à consagração na Ordo
Virginum , promovendo as condições para que as raízes das mulheres
consagradas na Igreja que lhe foi confiada contribuam para o caminho de
santidade do Povo de Deus e na sua
missão. O Bispo diocesano exerce a pastoral das mulheres consagradas,
encorajando-as a viver a própria vocação com alegre fidelidade, estando atento
às exigências do caminho de cada uma e garantindo que tenham os meios adequados
para a formação permanente.
No entanto, o apego
especial à Igreja onde se celebra a consagração não impede a consagrada de se
deslocar temporária ou definitivamente para outra Igreja particular, caso seja
necessário, por exemplo, por motivos laborais, familiares, pastorais ou outros
motivações razoáveis e proporcionais. Se uma mulher consagrada deseja
mudar-se definitivamente para outra diocese, ela apresentará seus motivos ao Bispo,
que se manifestará. Depois, pode pedir ao Bispo da Diocese ad quem
para ser acolhido na Ordo Virginum local. Este
último, tendo recebido do Bispo da Diocese a quo uma
apresentação com os motivos da transferência... Em caso de
resposta positiva, o Bispo da Diocese ad quem acolherá a
consagrada, introduzi-la-á na sua Igreja particular e inserirá-a, se for caso
disso, entre as consagradas da sua diocese, combinando com ela o que for
necessário e útil segundo a sua condição pessoal. Segundo a avaliação, o
Bispo da Diocese ad quem também pode negar a filiação,
ou segundo o Bispo ad quo estabelecer um tempo de
prova; neste caso, mantendo o vínculo com a Diocese ad quo ,
a consagrada pode transferir o seu domicílio canônico para a Diocese ad
quem , seguindo as indicações dos Bispos interessados quanto à sua
condição pessoal.”
(Ecclesiae
Sponsae Imago, 8 de junho 2018)
Ou seja, o celibato em
voto privado ou público, não é brincadeira, não é uma fase, não é um teste. É
um maravilhoso chamado, uma linda doação de si que requer honestidade,
maturidade, equilíbrio e muita determinação.
Considerações Finais
És
jardim fechado,
Minha
irmã, noiva minha,
És
jardim fechado,
Uma
fonte lacrada.
Cântico 4, 12
Você já viu uma Rosa do
Deserto?
Ao olhar para essa planta
que cresce num ambiente tão adverso acredito que sentirá um misto de admiração
e estranhamento. Ela é linda, mas um tanto estranha. Possuí raízes à mostra
pois o vento do deserto é tão forte que ao se firmar no solo o tronco foi se
tornando mais robusto e as raízes mais evidentes. Dizem que uma planta tem no
solo o dobro do tamanho do tronco... Já suas flores lembram açucenas, são
delicadas e causam com contraste com o tronco.
Eu acho que todo
celibatário no mundo é assim, ou um dia será. Portanto, para finalizar este
pequeno estudo, gostaria de lhe lembrar que é maravilhoso conseguir crescer no
deserto! É um milagre! Portanto, no caminho, não tente ser outra coisa, não vá
nas ondas de areia e nos ventos vazios, não tenha medo de fincar tão
profundamente as raízes no Coração Sagrado que se torne uma pessoa com raízes à
mostra. Não tenha medo de ser um tanto diferente num mundo guiado pela
morbidade da igualdade que faz com que as pessoas não vejam a beleza da sua
individualidade irrepetível e deixem passar um dos maiores frutos da ação
salvífica do Senhor: a autonomia da pessoa. Num tempo em que a ideologia
de gênero tem propagado que você pode ser um homem, ou uma mulher, ou um dragão
com asas de águia; num tempo em que se propaga o aborto de bebês de nove meses
e até mesmo o absurdo do aborto de recém nascidos, num tempo em que possuímos uma
tentativa forte de uma massificação do povo, transformando-os em números e não
em pessoas distintas e munidas de liberdade; neste cenário o celibato é o sinal
visível do valor inestimável da pessoa humana, da individualidade.
A autonomia é
“governar-se pelos próprios meios”, aplicando ao celibato e a vida cotidiana é
a capacidade de agir no mundo segundo as leis morais do Senhor e vivenciar a
ação da graça na realidade simples e nos sacramentos cotidianos do cristão em
prol da santidade. O celibato condensa essa realidade maravilhosa de alguém que
decidiu vivenciar a honestidade interior a tal ponto de fazer os atos que lhe
são orientados sem que ninguém mande ou que ninguém os veja, alguém que vive um
acordo com o Deus que vê o oculto e em atenção e amor a Ele executa as tarefas
de seu estado.
Este ponto é de extrema
importância, neste caminho, embora exista a ajuda do padre e do bispo, você não
terá uma madre ou um prior que lhe mande sempre fazer a tarefa, não terá a irmã
para lhe chamar se você ficar enroscada na preguiça pela manhã, você nem mesmo
terá alguém que veja isso, e outras coisas, acontecerem, mas Deus, o Esposo,
vê. A honestidade interior é de extrema importância neste caminho, é a
única forma de não colocar tudo a perder ou fazer da vivência somente de
fachada. Tudo realmente é vivido no oculto e é nele que a vocação acontece.
Eu espero que tenha lhe
esclarecido as dúvidas possíveis.
Talvez o Senhor através
deste texto possa colher açucenas, um tanto diferentes, o que me alegrará
muito, Ele realmente gosta muito de fazer isso.
Meu
amado desceu ao seu jardim,
Aos
terrenos perfumados,
Foi
pastorear os jardins,
E
colher açucenas.
Eu
sou do meu amado,
E
meu amado é meu,
O
pastor das açucenas.
Cântico 6, 2-3
Anexo
Pontos de Esclarecimento
1-
o véu não é algo exclusivo para a
celibatária, portanto, ao ver uma mulher de véu não significa necessariamente que
ela é celibatária, toda mulher tem o seu papel de ser sinal do invisível no
visível e também de ser sinal de submissão, ou seja, sinal da submissão da
criatura perante o Criador, o véu é o sinal visível deste papel que toda mulher
possuí numa imitação genuína e efetiva da Santíssima Virgem. A celibatária é
uma condensação mais evidente desse sinal. Portanto, não confundam uma coisa com
a outra (para saber mais clique aqui)
2-
o celibato também não tem relação
obrigatória com a Total Consagração, é bom que a celibatária se consagre totalmente
a Santíssima Virgem, mas ser consagrada não quer dizer que a pessoa é,
necessariamente, celibatária.
3-
o véu da celibatária deve ser branco para
sempre, a solteira usa-o até casar-se
4-
o rito pode ser com vestes comuns ou algo
mais especial (já que se trata de um casamento espiritual) a celibatária que
escolhe. Mas o Rito deve ser solene.
5-
a celibatária deve ajudar as mulheres a
verem a beleza da filiação divina, da sua feminilidade como Deus pensou.
6-
no que se refere a vida espiritual, além
das práticas citadas, pode acontecer uma identificação específica com um
mistério da vida do Senhor, ou ainda, um apreço maior por alguma devoção
específica, isso é normal.
7-
a imitação da Santíssima Virgem é a única
forma de vivenciar este estado numa feminilidade genuína e conforme aos
propósitos de Deus, livre de qualquer viés ideológico ou até mesmo vias
teológicas contrárias a Santa Tradição e as Sagradas Escrituras.
8-
a celibatária deve ser sinal da
feminilidade sadia vivenciada no fluxo do Espírito Santo, que é sempre o mesmo.
9-
quanto aos irmãos com tendências
desordenadas, realmente o voto (privado ou público) não é indicado pela mesma
razão que não se indica o sacerdócio (que possuí este mesmo voto) para os que
vivem a mesma batalha; longe de ser por motivos sectaristas o não dado
normalmente esconde muito amor e um cuidado para que possam travar a batalha de
forma mais misericordiosa, rumo a santificação que poderá ocorrer, e pela graça
e determinação ocorrerá, no propósito firme da obediência ao
mandamento, vocês serão sinais do efeito ordenador da obediência ao Mandamento
Divino, tanto naquele que manda respeitar o nome de Deus cuidando do que jura
em Seu Nome, quanto aquele que manda guardar a castidade.
10-
quanto às irmãs que viveram situações
públicas contra a castidade em suas diversas formas (amasiadas, prostituição,
separação e etc.) e agora estão vivendo a castidade com fidelidade,
realmente temos somente o já dito sobre o rito a esse respeito, devem portanto
se colocar diante dos olhos do diretor espiritual e pensar somente no voto
privado; ou ainda levar o caso para o bispo diocesana que poderá lhe
orientar ou enviar um pedido de orientação para a Santa Sé; no mais, continuem
na graça e sejam fiéis a Deus, Santa Madalena e Santa Maria Egípcia, tenho
certeza, olharão para a reta intenção de vocês e serão fiéis intercessoras para
que possam, um dia, serem um sinal público do poder reconstrutor do Dedo de Deus.
17 comments
Paz e Bem!
ResponderExcluirMe lembrei do Venerável Matt Talbot.
Obrigado por esse estudo, eu não tenho palavras para agradecer e expressar o quanto ele me ajudou. Deus lhe pague!
Louvado seja Deus! Fico tão feliz em saber disso!
Excluirexcelente artigo! vou reler várias vezes pra guardar as partes mais importantes.
ResponderExcluirPaz e bem! Que bom saber disso!
ExcluirQue belíssima vocação. Confesso que estou deslumbrada; louvado seja Deus pelas virgens que criou!
ResponderExcluirPaz e Bem! É mesmo muito lindo e quando conhecemos mais fica ainda mais bela.
ExcluirDeus abençoe ! Pela dedicação em montar esse material!
ResponderExcluirPaz e Bem! Amém!
ExcluirLi com toda a atenção este estudo ao longo de uns três dias, e minha empolgação esteve nas alturas. É incrível como este texto veio como obra do Espírito Santo a nos auxiliar em nossas vocações! É um perfeito meio de salvação para tantas aflições relativas a conhecimentos básicos sobre a vida consagrada e a de fiéis leigos, que aqui são esclarecidos! Em uma palavra finalizo com eterna GRATIDÃO!!! Deus lhe abençõe!
ResponderExcluirLouvado seja Deus! Fico imensamente feliz com isso! Que Deus conduza o seu caminho. Reze por mim!
Excluir"O primeiro é o uso do termo celibato para a situação de alguém que vive a castidade sem nenhum voto, o uso está errado pois tal ato é uma obediência ao mandamento, portanto, matéria básica para todo cristão não casado, não é um voto, não é uma entrega, é simplesmente obedecer a lei de Deus, é buscar viver na ordem divina."
ResponderExcluirHá um problema com este parágrafo, a meu ver. A entrega não depende de um voto, o voto ou a consagração é apenas um reforço ou grau maior que se quer dar à entrega. Tanto é assim que no Opus Dei se pratica o que se chama de celibato apostólico: há um compromisso pessoal com a entrega ao serviço de Deus, mas não há votos. Tal entendimento foi aprovado pela Santa Igreja e está na vida de milhares que se filiam ao Opus, e a pessoa é sim celibatária.
Este comentário foi removido pelo autor.
ExcluirPaz e Bem! Não há nenhum problema com o parágrafo, é assim mesmo, inclusive na Opus Dei. O que acontece é que a maioria entende a palavra voto como algo expresso solenemente e abertamente, você parece estar a fazer isso, mas o voto pode ser privado e ser válido por conta do compromisso que a pessoa assumiu, e você nunca saberá que ela fez pois é privado, como é em vários institutos inclusive. Por tanto verá se ao ler a palavra voto tomar dessa forma, como de fato o é, verá que todos aqueles que assumiram um compromisso privado ou público, fizeram um voto e por isso a Igreja sempre aprova. O parágrafo se refere ao uso do termo Celibato para uma vivência de castidade quando a pessoa não sabe a sua vocação ou está aguardando para um namoro isso não é Celibato e nunca será, o uso do termo para essa situação sempre será equivocado. O seu ponto não se enquadra nele, os Celibatários da Opus tem voto privado em sua maioria ou um compromisso interior. A matéria inerente do Celibato é o compromisso de vida entregue feito privadamente ou publicamente. Me parece que seu entendimento de voto fez com que tivesse uma interpretação descabida,mas espero ter esclarecido. Paz e Bem!
ExcluirQue texto lindo. Deus me trouxe aqui ... obrigada !
ResponderExcluirLouvado seja Deus e sua santa mãe! Fico feliz em saber disso!
ExcluirVocê tem algum estudo/artigo/comentário/post sobre a vida eremítica? Recentemente o Vaticano publicou Orientações sobre este estado de vida (A Forma de Vida Eremítica na Igreja Particular - Edições CNBB - Documento 67) _ (Link do livro: https://www.livrarialoyola.com.br/produto/a-forma-de-vida-eremitica-na-igreja-particular-documentos-da-igreja-67-683437 ) - Este livro é mais sobre o eremita diocesano, mas admite o eremita leigo. Você tem algum estudo/conhecimento sobre o Eremitismo Leigo/autônomo? Você pode escrever algum artigo/estudo sobre esse assunto/livro?
ResponderExcluirArtigo bendito e totalmente necessário para os dias atuais! Que Deus derrame bençãos sobre sua igreja.
ResponderExcluirÀ semelhança de tantos exemplos na história, que possam surgir cada vez mais vidas santas e dedicadas a seu serviço sejam casados ou celibatários!!
Olá, Paz e Bem! Que bom tê-lo por aqui! Agradeço por deixar sua partilha.