Gotas de Tomismo 74| Virtude da Temperança: a Virtude da Abstinência ( e o Jejum) e o Vício Oposto a Gula
EUGÈNE-ERNEST HILLEMACHER - Tempo de oração Óleo sobre tela |
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A quarta virtude moral necessária para não nos extraviarmos no caminho de retorno a Deus é a virtude da Temperança.
A virtude da temperança é aquela que mantém o apetite sensitivo sujeito aos ditames da razão, para evitar que se exceda nos prazeres, especialmente do tato, e nos atos necessários a conservação da vida corporal. Os excessos podem ocorrer nos prazeres da mesa e nos do matrimônio.
A virtude da temperança atende pelo nome de abstinência ou sobriedade quando se aplica a pôr em ordem os prazeres da mesa.
A abstinência consiste em governar, conforme a razão, o desejo imoderado de manjares e a bebidas. A maneira própria de praticar a virtude da abstinência é o jejum, que consiste em suprimir parte da alimentação normal. Não é de forma alguma prejudicial uma vez que o jejum reprime a concupiscência e repara os pecados, no entanto, deve ser dirigido e ordenado pela prudência e discrição, não comprometer a saúde, nem ser obstáculo para o cumprimento das obrigações do próprio estado. É importante ressaltar que todos são obrigados a privar-se de alimento, na medida que o exija a prática das virtude morais cotidiana (fortaleza, temperança, prudência, justiça) para não cair em excessos.
A Igreja nos ordena jejum eclesiástico, que consiste numa única refeição, que pode ser feita pela manhã, ao meio dia ou a noite; na Quarta feira de Cinzas e na Sexta feira Santa. São sugestões da Igreja o Jejum das Quatro Têmporas. No jejum eclesiástico pode-se fazer dois lanches além da única refeição (Código de Direito Canônico, 1251). O jejum só pode ser dispensado pelo supervisor eclesiástico imediato.
A abstinência ordenada pela Santa Sé, para todas as sextas feiras do ano exceto solenidades, consiste em abster-se de carne e caldos de carne. Por licença concedida ao Brasil este ato pode ser substituído por uma obra de caridade (que de fato seja feita: dar comida a quem tem fome, vestir um nu, visitar um doente e etc.).
A abstinência se opõem ao vício da Gula, que é o apetite desornado no comer e beber. Este vício se subdivide em várias espécies (valendo tanto para a comida quanto para a bebida), pode ser cometido quando:
- se atende à natureza (para satisfazer uma vontade imoderada, "comer por gula"),
- pela quantidade e também a qualidade dos alimentos (comer muito mais do que precisa ou comer muito menos, comer somente coisas requintadas, não comer o que está à mesa por desgostar, comer somente porcarias que não alimentam o corpo),
- modo de conservá-los (deixar a comida estragar por falta de cuidado, por exemplo)
- e outras vezes na maneira de consumi-los, antecipando a hora da alimentação sem necessidade, comendo com excessiva avidez e glutoneria ou ainda brincar com a comida.
A gula é um vício capital, visto que facilita os prazeres que com mais força arrastam o homem. As filhas da gula são:
- torpeza (indecente e obsceno),
- alegria injustificada,
- intemperança na linguagem,
- chocarrice (brincadeira insolentes)
- impureza.
Este vícios são repugnantes, porque o entendimento se obscurece e adormece com os vapores dos prazeres da mesa e perde a capacidade de governar e dirigir os atos.
Baseado no Catecismo da Suma Teológica de São Tomás
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