Livro de Provérbios: Visão Geral

by - junho 14, 2021


Visão Geral: Livro de Provérbios





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Introdução


O Livro dos Provérbios (em hebraico: מִשְלֵי, "Míshlê [Shlomoh]") ou Provérbios de Salomão é o segundo livro da terceira seção (Ketuvim) da Bíblia hebraica e um dos livros poéticos e sapienciais do Antigo Testamento da Bíblia cristã, onde ele é o Vigésimo Quarto livro. Quando ele foi traduzido para o grego e o latim, o título assumiu diferentes formas: na Septuaginta grega, Παροιμίαι ("Paroimiai", "Provérbios"); na Vulgata latina, o título é "Proverbia", do qual deriva o nome em português.

Provérbios não é apenas uma antologia e sim uma "coleção de coleções" relacionadas a um padrão de vida que perdurou por mais de um milênio. O livro é um exemplo da tradição sapiencial bíblica e levanta questões sobre valores, comportamento moral, o significado da vida humana e uma conduta direita. O tema recorrente é que "o Temor a Deus — a submissão à vontade de Deus — é o princípio da sabedoria". A sabedoria é elogiada por seu papel na criação; Deus a manifestou antes de tudo e, através dela, ordenou o caos; e como os homens devem sua vida e prosperidade a conformidade com a ordem da criação, buscar a sabedoria é a essência e o objetivo da vida religiosa.


O Antigo Testamento do período anterior ao cativeiro na Babilônia (antes de 586 a.C.) não admitia iguais a Javé no céu, apesar de admitir a existência de uma assembleia de seres celestes lhe servindo. Os escritores pós-exílio da tradição sapiencial desenvolvera a ideia de que a Sabedoria existia antes da criação e foi utilizada por Deus para criar o universo: presente desde o princípio, a Sabedoria assume o papel de construtora principal enquanto Deus estabelece os céus, restringe as águas caóticas e modela as montanhas e campos. Emprestando ideias dos filósofos gregos, que defendiam que a razão mantinha o universo coeso, a tradição sapiencial ensinava que a Sabedoria, Palavra e Espírito de Deus eram a base da unidade cósmica. A verdade Cristã, por sua vez, converteu estas ideias e as aplicou a Jesus: a Epístola aos Colossenses chama Jesus de «...a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação» (Colossenses 1,15) e o Evangelho de João identifica Jesus como sendo a palavra criativa: «No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.» (João 1,1).

No século IV, quando o cristianismo lutava contra heresias e ainda estava desenvolvendo o credo que definiria suas crenças, Provérbios 8,22 foi utilizado tanto para apoiar quanto para refutar as alegações dos arianos. Os arianos, assumindo que Cristo poderia ser igualado à "Sabedoria de Deus" (I Coríntios 1, 24), defendiam que o Filho, como a Sabedoria, foi "criado": «Javé me possuiu no princípio dos seus caminhos, antes das suas obras da antiguidade.» (Provérbios 8,22). Por conta disto, o Filho seria subordinado ao Pai, o Criador. A oposição embasada na verdade, embora em minoria, que no final prevaleceram, defendiam que a palavra hebraica relevante deveria ser traduzida como "gerado" e o Credo Niceno declarou que o Filho foi "gerado, não feito", uma afirmação da consubstancialidade de Deus e Cristo.



O livro de Provérbios


A palavra provérbio tipicamente se refere a um pequeno e inteligente ditado que oferece algum tipo de sabedoria e este livro tem muitos desses. Mas eles estão quase todos na seção central do livro, capítulos 10 ao 29. Mas tem muito mais no livro de Provérbios especialmente no começo -capítulos 1 ao 9- e a conclusão -capítulos 30 e 31.

Este livro foi projetado com uma introdução -capítulo 1 versos 1 ao 9- que conecta este livro ao Rei Salomão lembremos da história de 1Reis capítulo 3, Salomão pediu a Deus por sabedoria para liderar bem a Israel, então Salomão ficou conhecido como o homem mais sábio do mundo antigo e somos informados em 1 Reis capítulo quatro, que ele escreveu milhares de provérbios e poemas e  colecionou conhecimento sobre plantas e animais. Então Salomão era como uma fonte da literatura de sabedoria de Israel. Então mesmo que nem todo o material deste livro seja escrito por ele pessoalmente, ele é onde a tradição de sabedoria de Israel começou. A introdução diz que por ler este livro você também pode adquirir sabedoria. 


Agora para a maioria de nós sabedoria significa conhecimento, mas a palavra hebraica Khokhmah significa muito mais que somente atividade mental, era ação também.


Então, devemos entender que sabedora é a habilidade ou conhecimento aplicado. No livro de Êxodo capítulo 31, vimos que eram os artistas e os artesãos que eram conhecidos de ter Khokhmah, ou seja, pessoas que colocavam em pratica a habilidade e o talento (o saber) que Deus lhes havia dado. 


Então o propósito deste livro é ajudá-lo a desenvolver um conjunto de habilidades específicas para viver bem no mundo de Deus, este propósito está conectado com a palavra chave da introdução do livro: o temor do Senhor. 


Segundo São Tomás o Dom do Temor:

efeito que produz a virtude da esperança nos fiéis enquanto vivem neste mundo é o de fortalecer a vontade contra o excessivo temor de não alcançar a glória. 

Existe um temor que é essencialmente bom e enlaçado à virtude da esperança, este é o temor de Deus, chamado temor filial. 

O temor filial nos obriga a venerar a Deus em atenção à sua excelência e infinita majestade, e a considerar como a maior das desgraças a de ofendê-lO, ou expor-se a perdê-Lo por toda a eternidade. 

No entanto, existe um temor de Deus que é distinto do filial, conhecido como temor servil. O temor servil se designa como certo sentimento ínfimo, próprio dos escravos que temem o amo porque ameaça com castigos. 

temor das penas com que Deus ameaça os pecadores é sempre temor servil; porém nem sempre é defeituoso ou envolve pecado. 

Será pecaminoso quando considera o castigo ou perda de qualquer bem criado como mal supremo. 

Se alguém temesse o castigo, não como objeto principal do temor, mas enquanto leva consigo a perda de Deus, a quem ama sobre todas as coisas, não experimentaria temor servil pecaminoso, este temor seria bom, ainda que de ordem inferior ao temor filial. 

Dizemos que é inferior, porque o que tem amor filial jamais se preocupa com a perda dos bens criados, contanto que consiga a posse de Deus, Bem incriado. 

O temor filial, portanto, é motivado unicamente pelo pesar e pelo sentimento de perder o bem infinito, ou de expor-se a perdê-lo. 

O temor filial tem uma ligação estreita com o dom do Espírito Santo chamado dom do temor, já que em virtude (a palavra virtude vem do latim virtus que significa força) deste dom, o homem se mantém sujeito a Deus, e em vez de resistir aos movimentos da graça, segue com docilidade seus impulsos. 

A diferença do dom do temor e a virtude da esperança é: a esperança olha diretamente ao bem infinito alcançável com o favor divino, e o dom de temor considera a irreparável desdita de perder a Deus, fazendo-se, pelo pecado, indigno dos auxílios sobrenaturais. 

No entanto, a virtude da esperança é mais nobre que o dom do temor; porque as virtudes teologais são superiores aos dons, e também porque a esperança nos move e impele para Deus em qualidade de bem supremo, e o temor se estaciona na consideração do mal que resultaria em perdê-lo. 

O dom do temor (filial), por sua vez, é inseparável da caridade. No entanto, é possível coexistir a caridade com o temor servil não pecaminoso; quando isso acontece o inicio dos atos é motivado pelo temor servil mas a medida que a caridade os incremente este temor passa a evoluir até se tornar temor filial, que é caracterizado pelo temor em perder a Deus que é a nossa única e verdadeira felicidade. 

O dom do temor permanece quando a alma alcança a bem aventurança no Céu; porém em estado mais perfeito e com atos distintos dos praticados neste mundo. Esses atos praticados no Céu consistem de uma espécie de aniquilamento, produzido, não pelo temor de perder a Deus, mas pela admiração de sua soberana grandeza e estremecedora majestade, comparada com a própria pequenez, pois o bem aventurado tem sempre a mais íntima convicção de que sua felicidade só de Deus depende. 




Primeira Seção do Livro de Provérbios: 


A introdução nos leva à primeira seção principal do livro, capítulos 1 ao 9 os quais também não contém pequenos provérbios de uma linha só, na verdade o que nós achamos aqui são 10 discursos de um pai para um filho. Discursa sobre como o filho deve ouvir a sabedoria e cultivar o temor do Senhor e viver de acordo com o que significa uma vida de virtude, integridade, generosidade e tudo que leva a uma vida de sucesso e paz.


Então o filho deve buscar a sabedoria e o temor do Senhor e fazer com que sejam o seu mais alto objetivo na vida. E esse modo de pensar forma a lógica moral de todo este livro.


Estes discursos também nos mostram que o livro de Provérbios é uma literatura diferente dos outros livros da Bíblia, não é como o Livro da lei de Moisés ou os livros proféticos. Ao invés disso a literatura da sabedoria tem um conhecimento acumulado do povo de Deus através das gerações, que ensinam como viver de uma maneira que honre a Deus e aos outros.


Logo após os conselhos do pai para o filho temos os poemas da Senhora Sabedoria, que são uma maneira poética de explorar esta ideia que nós vivemos no universo moral de Deus e que a justiça e bondade são realidades objetivas. 


Agora unindo estes dois conjuntos de discursos do pai e da Senhora Sabedoria vemos que este livro não está simplesmente nos dando bons conselhos, é um convite de Deus para aprendermos sabedoria das gerações passadas. Ele também está ali. 



Segunda Seção do Livro de Provérbios


Na próxima seção do livro, capítulos 10 ao 29, nós encontramos centenas de provérbios antigos e eles aplicam a sabedoria e o temor do Senhor a qualquer parte da vida que possamos imaginar: família, trabalho, vizinhança, amizade, sexo, casamento, dinheiro, raiva, perdão, álcool, dívida, tudo. E todos estes conselhos passam pelo filtro do sistema de valor de Provérbios 1-9. 


Chegando ao final lemos os poemas de um homem chamado Agur. Que começa reconhecendo sua própria ignorância e sensatez, e sua grande necessidade da sabedoria de Deus. Logo depois Agur descobre que aquela sabedoria divina foi dado a ele nas escrituras que o ensinam como viver bem. Agur é posto a nós, leitores, como modelo do livro de Provérbios; alguém que está sempre aberto a ouvir a sabedoria de Deus através das Escrituras. 


Os poemas finais são ligados a um homem chamado Lemuel, ele é um rei não-israelita e transmite a sabedoria que foi dada a ele por sua mãe. Ressaltando, assim, um pilar do livro de Provérbios, o conhecimento dos mais velhos deve ser respeitado e passado adiante. É um guia para ser um líder justo e sábio. 


O poema final é um acróstico ou um poema alfabético onde cada linha começa com uma nova letra do alfabeto hebraico e os poemas inteiros falam sobre o caráter nobre de uma mulher. Ele mostra uma mulher que vive de acordo com a sabedoria de Provérbios e é posta como um modelo de alguém que ouve à sabedoria de Deus e então a traduz em decisões práticas do dia a dia. No trabalho ou em casa, na sua família ou em sua comunidade. O livro nos dá modelos de um homem temente a Deus, de um bom líder e de uma mulher que agrada a Deus; todos baseados e moldados na lógica moral do livro de Provérbios. 


O livro começa com as palavras de uma pai a um filho sobre dar ouvidos à Senhora Sabedoria e termina oferecendo as palavras de uma mãe ao seu filho e sobre uma mulher que vive sabiamente. 


O livro dos Provérbios é para toda pessoa em todas as fases da vida. É um guia para viver sabiamente e bem no mundo governado pela Soberania de Deus. 


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