Resumão: Livro de Judite
Escrito provavelmente em meados do século II a.C., durante a resistência dos Macabeus ou logo após. O livro apresenta a situação difícil do povo, oprimido por uma grande potência. Por trás de Nabucodonosor II e seu império, podemos entrever a figura de qualquer dominador com seu sistema de opressão.
O livro possuí alguns pontos de observação, que geram opiniões distintas entre os estudiosos. A primeira é que autor do livro demonstra farto conhecimento da geografia mundial e das escrituras, no entanto, ele comete o erro crasso de iniciar a história dizendo que ela se passa no décimo-segundo ano de Nabucodonosor, rei dos assírios em Nínive, isso em uma época depois do retorno dos judeus do exílio; acreditam que seria uma forma de dizer ao leitor que o livro é ficção, e não história; já que o rei Nabucodonosor verdadeiro era rei da Babilônia e não da Assíria.
Outros sustentam que o livro teria sido escrito no final do século II AC, ou mais tarde, e que se baseia em fatos reais que teriam ocorrido durante a dominação persa, trata-se de um Midrash (é o nome que se dá a exegese profunda da Escritura no judaísmo), no qual um núcleo que pode ser real é tratado com muita liberdade, amplificado por novos episódios fictícios, fecundado por alusões a textos bíblicos. Sendo que no caso do Livro de Judite cogita-se que o autor teria se inspirado: na astúcia de Tamar (Gn 38), no assassinato de Eglon por Ehud (Jz 3, 12-30), e de Siserá por Iael (Jz 4-Jz 5), no combate entre Davi e Golias (I Sm 17), na intervenção de Abigáil junto a Davi, entre outros.
E por fim, ainda existe a vertente de que os eventos descritos no livro ocorreram nos anos 657 a.C. e 656 a.C. O Nabucodonosor, citado neste livro, seria um nome genérico usado para os reis da Babilônia, e seria identificado por Saosduchinus (irmão mais novo de Assurbanípal, que o matou, após sua revolta e se tornou rei) que governou a Assíria e a Babilônia por vinte anos, a partir de 668 a.C. (reinado de Manassés em Judá, o rei ímpio, filho do rei Ezequias, que foi muito piedoso. Manassés foi deportado para a Babilônia).
Comentários e anotações segundo os consagrados trabalhos de Glaire, Knabenbauer, Lesêtre, Lestrade, Poels, Vigouroux, Bossuet etc. editado pela Editora das Américas, 1950.
Texto original - Não possuímos o texto original deste livro, pelo que ignoramos a língua em que primitivamente foi escrito. Desta falta de certeza derivam várias conjeturas, mais ou menos fundamentadas, defendidas pelos exegetas. São Jerônimo entende que foi escrito em aramaico (Praef in Judith, t. 29). O que é certo é que não foi redigido em grego, porque a versão dos Setenta está cheia de hebraísmos e frases orientais; o modo de dizer, a construção das frases, tudo tem sabor hebraico, de sorte que um hebraizante pode, sem esforços, reconstruir a frase primitiva. Acentua-se neste livro grande pobreza de partículas, e algumas passagens pouco inteligíveis, que se explicam facilmente restabelecendo o texto mal compreendido.
Variantes - O texto da Vulgata difere muito do grego. São Jerônimo omite muitas coisas que estão nos Setenta, e por sua vez no grego faltam particularidades que se lêem em latim. São Jerônimo explica desta sorte: "Sepositis occupationibus, quibus vehementer arctabar, huic libro unam lucubratiunculam dedi, magis sensum e sensu quam ex verbo verbum transferens. Multorum codicum varietatem vitiosissimam amputavi; sola ea quae intelligentia integra in verbis in chaldaecis inveniri pontui, latinis expressis" ("Deixando de lado as ocupações pelas quais fui fortemente constrangido, dei a este livro um pequeno tratado, transferindo o significado do sentido ao invés de palavra da palavra. Eliminei a variedade viciosa de palavras de muitos manuscritos; permaneceu somente as palavrais em caldeu que são inteligíveis quando traduzidas para o latim").
Pelas citações dos Santos Padres podemos conhecer a grande variedade de versões do texto, atribui-se este estado do texto do livro de Judite pela sua grande popularidade. Como era muito lido era também muito copiado; as cópias nem sempre eram acuradas.
Data - Não se pode precisar a data, como se não pode determinar autor e texto original. Uns fixam o ano de 784 A.C e outros o ano 117 ou 118 da nossa era. As descobertas assiriológicas que vem esclarecer e confirmar o livro de Judite, permitem assegurar com muita probabilidade que os fatos narrados neste livro passaram-se no reinado de Assurbanípal, rei da Assíria, durante o cativeiro de Manassés em Babilônia.
Canonicidade - Em todos os cânones e catálogos dos concílios, incluindo o primeiro concílio de Nicéia, e dos padres da Igreja, está incluído o livro de Judite, como São Clemente Romano, São Clemente de Alexandria.
A objeção apresentada pelos adversários dizendo que este livro não se encontra no catálogo de Orígenes e de São Atanásio, e de alguns escritores eclesiásticos da idade média, não procede, pois estes escritores se limitaram a apresentar o canon dos hebreus, os quais não incluíam senão os livros escritos em hebreu.
0 comments
Olá, Paz e Bem! Que bom tê-lo por aqui! Agradeço por deixar sua partilha.