Meus alunos, verdadeiramente assíduos, já me escutaram falar sobre a "feminilidade burguesa", que é o que estamos re- vivendo. Burguês aqui não se refere somente ao conveniente, mas sim às feminices, coisa já falada no meu livro "Modéstia". As feminices são inclinações da mulher, mas não são a feminilidade. Partindo desse princípio falar sobre cabelo, unhas, roupas, inclinações para coisas belas e fofas são feminices e não feminilidade, são um atributo (muito variável inclusive) da mulher. Dessa forma o termo feminilidade, como é usado hoje, é burguês, tal e qual o era na ascensão da burguesia, em que a mulher tomou um papel de "bibelô" mesmo que com muitas habilidades, o que é melhor do que o quadro atual. Hoje nem as habilidades temos a graça de ver louvadas, mas as feminices sim. Motivo pelo qual alguns argumentos feministas continuam de pé, pelo simples fato de que quando fazemos da feminice uma pseudo feminilidade deixamos a realidade concreta de que esses interesses são distintos em cada mulher.
Esse é o real motivo desse texto e de tudo o que eu faço em relação a mulher.
Já no extremo oposto existe a preocupação de "estudar sobre a feminilidade", bem, só no Educa-te existem mais de 37 aulas sobre a mulher, realmente é possível "estudar" a condição de ser mulher, mas a feminilidade que é a expressão de ser mulher no mundo, não é possível ser estudada, é possível vislumbrar as possibilidades que Deus nos abre através da história de piedosas mulheres, coisa que me alegro de ter concluído nas aulas que dou, mas ainda assim sempre terá aquela ação pessoal e irrepetivel do Espírito Santo na sua expressão no mundo, por isso que "estudar a feminilidade" é uma expressão que exige mais pensamento ao ser dita, como o próprio termo feminilidade exige um pouco mais de cuidado ao ser usado, principalmente quando é usado como sinônimo de feminices.
Digo isso por me preocupar com as preocupações atuais das moças. Veja bem, se você irá se casar é claro que precisa saber sobre as coisas do lar, exercitar a virtude da mansidão, economia e ordem. Claro. No entanto, essa vocação também pode lhe trazer almas imortais, das quais você será a tutora, você será mãe dos filhos de Deus. Aí eu pergunto se a sua formação está de acordo com o chamado. Veja só, uma vocação religiosa exige nove anos de percurso até o voto perpétuo... quanto tempo você, que será mãe carnal, e deveria ser também a espiritual, dedicou a sua formação?
Estou espantada com a quantidade de moças que deixaram o estudo de lado, estudo humano e religioso (não me refiro a faculdade), elas simplesmente não estudam e não lêem nada. Estou espantada porque um dia a criança irá fazer uma pergunta dessas áreas e ela não saberá como "responder direito" ou o marido quererá falar de alguma coisa mais profunda e não terá com quem falar, sua própria carne não o acompanhará. Isso não te preocupa? Pois eu, que nem tenho essa vocação, estou preocupada.
Ter uma boa formação é obrigação de todo cristão, mas uma mãe deve se educar para poder proteger os seus. Não sei se fui feliz em deixar claro o motivo do meu espanto, mas moças que não querem saber o mínimo de teologia e filosofia - e veja bem, não digo uma mãe que educa seus filhos em casa ou alguém que quer ter vida intelectual, estou falando no geral mesmo - é preocupante em vista do mundo em que vivemos. A mãe é a primeira a interceder e a primeira a receber perguntas, precisa saber minimamente a história da Igreja, apologética, questões existênciais, tudo isso unido à oração, mas precisa, sim, cobrir lacunas de formação para poder exercer a sua vocação. E preencher lacunas não é assistir lives a esmo na internet, sair colhendo sem rumo, é preciso seguir um caminho para não cair numa pseudo formação.
Não sei exatamente o que leva as moças a estudarem muito por um diploma e nada por sua vocação essencial, sendo todas dotadas de inteligência e força de vontade, mas me espanta o atual empenho em feminices e pouco em buscar ser uma Mulher, capaz de refletir e falar sabiamente como Débora, de gerenciar como a Mulher de Provérbios e Nossa Senhora nas Bodas de Caná, de falar sobre vários assuntos com inteligência como Santa Hildegarda, enfim de estudar para edificar a si e não por um papel sobre uma, e somente uma, habilidade do ser.
Isso não é uma exigência para a chamada vida intelectual, é uma exigência da vocação de ser mãe. Portanto, novamente, eu pergunto quanto tempo você dedica para se formar em vista de ser uma Mulher e uma Mãe?
Eu realmente espero que isso lhe cause alguma reflexão, afinal embora exista um número de vozes masculinas se tornando cada dia mais presente, esse conjunto só terá harmonia com a sutileza da voz feminina, de Mulheres que são mais que feminices, que são sábias, interessantes, inteligentes, que sabem mostrar o prisma feminino dos mais diversos assuntos, enfim Mulheres Católicas.
Sei que algumas se sentem pressionadas com o tema "estudo", mas saiba que pelos seus você deveria repensar as suas prioridades e observar a constituição da sua formação.
Singelamente,
Ana