Crônicas: Reflexões sobre o ócio e coisas sãs
A passagem de ano parece ter sido feliz para alguns brasileiros e temerosa para outros. Me pareceu que alguns deixaram a esperança em algum lugar remoto e panfletam sobre as incertezas do tempo. Bem, acontece que existir é uma coisa incerta. De modo que me pareceu um tanto estranho não escutar bençãos da boca de cristãos, quase da mesma forma que sempre me parece estranho dizer "benção padre" e o padre não falar nada ou dizer "oi". Enfim...
Fora esse clima, eu fiz uma coisa que não faço há mais de seis anos: tirei férias (e plantei plantas com a minha mãe). Retirar-se quando tudo depende de você para funcionar é um tanto difícil, mas o principal é: eu sempre achei que não precisava de férias, já que eu não me sentia cansada. Mas aí, descobri, nas férias, que eu estava cansada. A tensão de ter que produzir, escrever, semear alguma coisa era o que me cansava... e eu não estava sentindo o cansaço. Eu sei, louco...ou graça, escolha.
Eu fiquei um mês sem acessar nenhuma rede, sem escrever sobre alguma coisa, sem ter que pensar em plano de aula, sem ter que editar aulas. Me dediquei ao ócio com solene dedicação. Foi muito maravilhoso não precisar acessar as redes. Eu não sei se você sabe, mas trabalhar usando uma plataforma online é muito solitário e cansativo, embora tenha muitas comodidades.
Por fim, logo depois de me retirar da minha rotina normal, mais para o final do mês, notei que tinha feito muitas coisas nesses dez anos de Salus, eu finalmente vi que trabalhei muito. Nunca tinha notado isso, embora, recentemente tenha visto que não sei como produzi tanta coisa "sozinha" (já que o Senhor estava lá). Então, meu cansaço fazia sentido e minha consciência de que fiz sacrifícios parece que se alinhou.
Eu não sei se você sabe, mas eu sempre achei o Salus muito, muito pequeno e isso aumenta com a percepção deturpada das pessoas sobre as coisas na internet. Mas acho que voltei mais orgulhosa do Salus do que antes. Sabe, o Salus tem meio milhão de acessos por ano, sem cobrar nada e sem receber nada, eu não pago o tio Google e nem o Tio Zuck. E isso é tão, tão maravilhoso! Sem pagar os robôs das redes, sem entrar em panelinhas, sem bajular ninguém, sem falar sobre polêmicas ou futilidades o tempo todo.
Me orgulho disso, porque trabalhei muito pra isso.
Refleti sobre muitas coisas nesse tempo e fiquei muito grata pelos que me acompanham há 8 ou 6 anos, grata por quem colheu os frutos deste apostolado de alguma forma. Mas também refleti sobre como está na hora de mostrar que o Salus é maior do que as pessoas (e eu mesma) penso. Porque ele foi construído com trabalho e algumas escolhas nada marqueteiras, mas eu gosto dele assim. Acho que se torna uma oferta mais agradável.
Refleti sobre outras coisas, mas já são 21:13 e eu teria que tomar café para continuar (o que seria ótimo) mas é melhor me recolher e deixar isso para amanhã.
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Hoje é dia 9 de janeiro de 2023. Um dia depois da Epifania e de pessoas que entraram no Salão do STF e vandalizaram a coisa toda com camisa brasileira, embora eu tenha a nítida sensação de que vi água no teto e no chão.
Eu, no entanto, estava alheia a tudo isso. Só fiquei sabendo às 21 horas. E me senti grata por isso, já que estava arrumando a louça do almoço, arrumando a roupa de cama, desengordurando a assadeira. Acho que a minha felicidade veio da sensação de estar, sem saber, estabalecendo a ordem em meio à desordens e falatórios. Talvez, se eu estivesse atenta às novidades, o caos reinaria na minha cozinha também.
Estranhamente este episódio me lembrou a leveza de uma acrobata que desafia às leis da gravidade sem perceber. Eu desafio o caos sem perceber arrumando a cozinha e tentando manter a mesa de trabalho em ordem (nunca tenho um sucesso duradouro).
No mais, os Youtubers alinhados com a linha que se estabelece no país estão viajando loucamente. E parece que o Palácio da Alvorada, aquele primor de arte e requinte, foi deixado como um cativeiro mau cuidado.
Parece que o capitão foi morar nos EUA. E eu não posso falar nada, já que se me convidassem eu também iria.
A terra tupiniquim é um recanto de lucidez, como você pode notar. Assim busco fazer coisas sãs e com algum significado, mas acho que levei muito a sério a minha meta... eu comprei, recentemente, um shampoo e condicionador Neutrox, por puro saudosismo. Depois me vi assistindo He Man e She Ha. Devo dizer: que gotas de sanidade! Assistam alguns episódios e me entenderão. Mas interessantemente não me lembrava da She Ha ser irmã do He Man. Enfim, descobertas incríveis! De uma época em que os desenhos tinham personagens com o nome "Ela" e "Ele", embora pudessem vestir mais roupas. A era dos super heróis, certamente, não permitia heroísmo e roupas na mesma pessoa. Cada época com suas dificuldades, não é mesmo?
Comecei o texto no dia 9, mas agora são 9:54 do dia 11 e eu estou aqui escrevendo sem tomar café, novamente. O que é algo terrível, que irei corrigir agora mesmo.
Paz e Bem!
2 comments
Salve Maria!
ResponderExcluirEstou amando essas crônicas, Ana! Parece que estamos tomando um café enquando a senhora me conta sobre os causos da vida hahahaha
Muito obrigada por todos esses anos de dedicação a esse apostolado maravilhoso!
Paz e Bem! Eu agradeço a sua visita frequente! É exatamente isso que eu desejo com os textos e fico feliz que você me faça companhia.
ExcluirOlá, Paz e Bem! Que bom tê-lo por aqui! Agradeço por deixar sua partilha.