A Virtude da Amabilidade| Parte 1: Cultive um Comportamento Amável
Introdução
Este artigo visa suscitar o tema da Virtude da Amabilidade utilizando como texto base o livro "O Poder Oculto da Amabilidade" (aqui). O desejo da divulgação mais reflexiva sobre este tema, a escuta atenta dos discursos vigentes (seja dos intitulados conservadores, seja dos progressistas), a crítica de cultura necessária diante dos discursos que visam uma deturpação da Virtude da Amabilidade pelo excesso ou pela escassez, assim como o entendimento equivocado da amabilidade na prática cotidiana, como se fosse "uma obrigação cristã a ser bobinho e bonzinho", foram alguns motivadores deste artigo que terá 4 partes.
Autor do livro
Padre Lovasik foi ordenado em 1938 na Sociedade do Verbo Divino, fundou a congregação feminina "Sisters of the Divine Spirit" e o instituto secular "Family Service Corps". Conduziu missões nos EUA por quarenta anos.
O livro "O Poder Oculto da Amabilidade"
O autor dividiu o tema da Virtude da Amabilidade em três partes:
Parte 3- Corrija com AmabilidadeParte 4 - Demonstre seu amor com atitudes amáveis
Parte 1- Cultive um Comportamento amável
A amabilidade de Deus O levou a criar o mundo e a preservá-lo na existência. Da bondade divina brotam, como de uma fonte, a força e as bênçãos de toda a bondade criada.
A amabilidade é a nossa imitação da Providência Divina.
O impulso secreto que constituiu a amabilidade é um instinto que constitui a parte mais nobre de você mesmo.
A amabilidade brota da alma do homem; é a nobreza do homem.
Atos possíveis para cultivar a amabilidade:
1- A amabilidade antecipa a necessidade dos outros: a solicitude nos move.
2- A amabilidade neutraliza a infelicidade do pecado: a amabilidade é grande parte do poder que Deus nos deu de sermos felizes. Num mundo onde reina o pecado podemos gerar luz com uma cortesia cristã.
3- A amabilidade tem uma poderosa influência nos outros: encorajar os outros em seus esforços na virtude.
4- A amabilidade é um dos maiores presentes de Deus: ela purifica e enobrece tudo o que toca.
O apostolado da amabilidade dedica-se a reconquistar para a glória de Deus este mundo infeliz pelo pecado.
As regras que o autor orienta para esta ação são:
Regras da Fraternidade da Amabilidade:
Nãos1- Não fale mal de ninguém.2- Não fale mal de ninguém (sim, o autor repete, na parte 2, falaremos sobre a correção fraterna, que faz parte da gentileza cristã).3- Não seja indelicado com ninguém.Sins1- Fale amavelmente de alguém pelo menos uma vez ao dia.2- Pense algo amável sobre alguém pelo menos uma vez ao dia.3- Tenha um gesto amável com alguém pelo menos uma vez ao dia.Caso você se descuide da amabilidade1- Faça um breve ato de contrição (ex: "Perdão, Jesus")2- Peça desculpas, se for possível.3- Faça uma pequena oração pela pessoa com quem você não foi amável (ex: "Senhor, abençoe...").
O autor também salienta a necessidade da cortesia, ser cortês é um dever de caridade. Os relacionamentos melhoram com polidez, educação e cortesia. O autor escreve longamente sobre este tema, o que me lembrou, pessoalmente, da necessidade atual do resgate da cordialidade da diplomacia. Em meio a tantos debates apaixonados cabe a reflexão da necessidade da expressão de divergências dentro de uma linguagem cordial e diplomática.
Deixe a sua polidez seja a polidez de coração. Não existe sinal externo de polidez sem algum fundamento moral profundo.
O autor também aponta que a cortesia é vivenciada na pontualidade, nas manifestações cotidianas de caridade (pequenos afazeres que facilitam a vida de alguém) e pelas lembranças oportunas (ser capaz de lembrar-se com antecedência de uma ocasião ou situação que um presente ou uma atitude gentil serão especialmente apreciados). Estes atos treinam a habilidade de ser cortês através do fortalecimento do atributo da confiabilidade, se tornar alguém que as pessoas confiam e contam.
Também é salientado a necessidade de crescer em abnegação, da oração e da alegria, sem os quais não existe amabilidade.
Torne-se membro do apostolado do sorriso. Seu sorriso está a serviço de Deus, porque é um instrumento para ganhar almas. A graça santificante que habita em sua alma adoçará o seu sorriso e o habilitará a fazer muito bem.
Longo tempo é dedicado a abordagem da ira e da avareza. O autor relembra alguns pontos, que são familiares aos conhecedores dos ensinamentos dos Padres do Deserto, sobre o desajuste interno provocado pela ira. No entanto, o autor segue a linha atualmente vigente, que visa suprimir a ira. Esta abordagem não é a dos Padres do Deserto e de alguns moralistas ilustres como o Padre Toth ou o Padre Royo, estes acreditam que a ira e a raiva são movimentos internos humanos que podem desajustar as faculdades da alma e levar à atitudes pecaminosas, mas também podem ser canalizadas para a feitura do bem para Glória de Deus. Me dedico a salientar este ponto, pois esta linha de pensamento de supressão perdura por todo o livro e pode criar uma imagem cristã difícil de ser praticada por alguns temperamentos, pois também tende, em outros temas, a suscitar uma visão de um cristianismo incapaz de impor limites às situações e pessoas, o que não é saudável (isso será abordado, como adendo reflexivo, na parte 2).
O último tópico desta primeira parte é dedicado aos pensamentos amáveis:
Cada vez que nutre um pensamento amável, é como se Deus visse Seu próprio Ser refletido em sua alma, em uma semelhança sagrada e silenciosa. Um pensamento amável é como a imagem do Salvador em sua alma. Deus observa e se alegra com isso e abençoa sua alma porque seus pensamentos e sentimentos são muito semelhantes aos do Seu próprio Coração.
O caráter é forjado no mundo dos pensamentos e sob a sua influência. Se você for dono dos seus pensamentos, você será domo de si mesmo. Se aprendeu a controlar seus pensamentos terá o controle de todo o seu ser. Se tiver um coração amável, suas palavras e ações também serão amáveis. Por isso é tão importante cultivar pensamentos amáveis.
A beleza interior de sua alma, manifestada em sua habitual amabilidade de pensamento, é maior do que as palavras podem descrever.
Os pensamentos amáveis irradiam luz e alegria entre os homens. Eles alegram você primeiro e depois aqueles que estão ao seu redor. As pessoas nunca deixam de notar a presença de tais pensamentos.
A boas ações dos outros podem ser suas aos olhos de Deus se, ao observá-las, você as oferecer a Deus com uma oração e bons desejos.
Sua alma é um jardim no qual pode plantar as mais belas flores dos pensamentos amáveis.
Outros tópicos e adendos serão apresentados na parte dois desta série de três textos. Espero que estes tópicos possam lhe fazer refletir sobre a verdadeira Virtude da Amabilidade.
1 comments
muito lindo de viver ,me esforço nessa virtude, obrigado por partilhar
ResponderExcluirOlá, Paz e Bem! Que bom tê-lo por aqui! Agradeço por deixar sua partilha.