A Celibatária Cristã em família e no mundo
Maria Luiza Chaveut escreveu o livro " A Virgem Cristã em família e no mundo". Não sabemos nada sobre ela, só se sabe que escreveu um livro sobre o Celibato leigo, fora de uma comunidade, em 1927. Bem antes da variedade de lugares de consagração que hoje temos.
É um dos meus livros favoritos sobre o assunto. A autora é sempre muito clara, gentil e firme na medida certa, uma professora de celibatárias. Sinto-me muito feliz ao ler seu escrito e tenho esperança que seja novamente publicado. Uma alma que escreveu o que vivia. Também acredito ser um bom manual para qualquer celibatária, mas principalmente, as que vivem fora de uma comunidade consagrada.
O livro espanta por sua riqueza de detalhes e orientações práticas, que fazem notar a participação de um bom padre na vida diária da autora somada à sua determinação. Também espanta o fato de em 1927 o Celibato leigo fora de uma comunidade religiosa ser mais conhecido e orientado do que em 2023, inclusive por padres. O que me faz indicar este livro a todos os padres, pelo bem das almas.
A autora tem uma personalidade ímpar que não carece de nenhuma pontuação, ela pode falar por si mesma, mesmo estando há 80 anos de nós (e Deus o queira, agora no Céu), portanto deixo a seguir os melhores trechos de seu livro, segundo o meu olhar, é claro:
"Ele vos amará com um amor sem fim, com um amor sempre antigo e sempre novo, que nenhum século viu nascer e nenhum verá desaparecer."
"Certamente, mas em tudo isto há pouco mérito de nossa parte: Deus é quem opera e não nós. Pelo contrário, orar quando o espírito rebelde se perde no meio de mil distrações ; ocupar-se das obras de caridade, visita aos pobres, falando de Deus; exortar, instruir, quando se sente repugnância por tudo e quando o coração está mais frio do que o mármore: eis em que consiste o heroismo do amor, eis o que é mais sublime do que sorrir apertando na mão um feixe de espinhos. Um mês passado nestes embates e nestas penas dá mais mérito a uma alma..."
"Passos de prudência; evitae a menor liberdade em vossos sentidos; empregae-vos em ocupações sérias"
"A Virgem que vive no mundo tem uma missão a cumprir : deve exercer o apostolado do bom exemplo."
"Ela é a cidade edificada sobre a montanha, é a luz colocada no candelabro para alumiar a todos da casa. Assim sua humildade deve consistir não tanto em se ocultar e em viver ignorada, desconhecida de todos, mas em se considerar nas mãos de Deus, é como um instrumento para fazer o bem no meio da sociedade, fazendo reverter fielmente para Ele toda a glória que resultar do bem que ela praticar. Sem isso, detida por uma falsa humildade, ela não ousará empreender grandes coisas para a glória de Deus, nem comunicar o seu fervor aos que a cercam. Cairá nos escrúpulos de humildade que a encherão de temores, privando-a da liberdade de espírito e da coragem de praticar as obras de caridade."
"Quando Deus vos chamar para as obras humildes e modestas, procurae faze-las em silêncio, sentindo-vos feliz em poderdes esconder vossa vida em Deus com Jesus Cristo. Quando Deus vos chamar para as obras que vos expõem aos olhares dos homens, fazei-as com toda a simplicidade, para a glória de Deus, que exije de vós esse sacrificio, e para edificação do próximo, que é testemunha delas."
"A caridade interior consiste numa disposição de indulgência, de afeição, de bondade, nas relações para com o próximo seja qual fôr, que nos leva a desejar-lhe o bem, a desculpar seus defeitos..."
"Costuma-se dizer : visita por visita, gentileza por gentileza, atenção por atenção, cumprimento por cumprimento."
"Virgem cristã, não desdenheis de vos fazer a amiga intima, a companheira cotidiana da .. . vossa vassoura."
"Vossa piedade não deve ser restrita, pouco inteligente, mas uma piedade liberal, esclarecida, uma piedade de horizonte largo. Há pessoas que julgam poder ocultar a ignorância debaixo do véu da piedade. Mas esta santa ignorância não serve senão para si própria; pode edificar a igreja, mas não pode defendei-la."
"Sêde engenhosa em regularizar vossas ocupações, de modo que possaes empregar, cada dia, algum tempo na leitura e no estudo. Aprende não o que é vão, o que passa, mas aquilo que perdura, e que se encontra na eternidade."
"No dia de vosso aniversário podeis vir com toda a confiança receber seus carinhos. Os esposos da terra não deixam nessa ocasião de oferecer às esposas qualquer lembrança delicada; vinde a Jesus Sacramentado e pedi-lhe, como lembrança, qualquer dom precioso, de graça ou de virtude. Ele, que é o melhor dos Esposos, sentir-se-á feliz em testemunhar-vos seu amor, realizando vosso piedoso desejo."
"Oh! si como ele compreendesseis quantas glórias podeis dar a Deus e quantas graças podeis merecer para os vivos, para os mortos, para toda a igreja e particularmente para vós mesma, por meio de uma só missa assistida com fervor! Como não seríeis assídua aos pés do altar onde se oferece o adorável sacrifício."
"A missa é uma mina de inesgotáveis riquezas. Se fosseis fiel em ouvi-la devotamente, quantos pecadores, poderieis converter, quantos moribundos salvarieis e para quantas almas do purgatório não sereis a feliz libertadora! Não deixeis perderem-se estes tesouros tão preciosos."
"Vós que correis ainda mais perigo do que a lrmãs de Caridade, tendes necessidade de mais força e de mais virtude. Que vossa principal virtude esteja em comungar bem e com frequência. Quem sustentará vossa coragem, quem vos consolará nas tristezas do exílio, quem vos aperfeiçoará no amor divino, quem vos fortalecerá no meio das lutas da vida senão Jesus Sacramentado?"
"A Virgindade é semelhante a uma planta que se divide em três ramos, em cada um dos quaes deve desabrochar um lírio. O primeiro ramo é a virgindade do espírito, que se manifesta na pureza da intenção e no desejo de agradar a Jesus Cristo. O segundo é a virgindade do coração, que se manifesta pelas orações, jaculatórias e nos enlevos piedosos da alma para o seu Bem-Amado. O terceiro é a virgindade do corpo que se manifesta pelo sacrificio e pela mortificação."
A autora inicia pontuando de forma certeira questões práticas como comportamento e vestimenta, amigos e conversas e termina o livro dispondo um itinerário de intenções para a oração em cada dia da semana e outro para as festas litúrgicas, contribuições práticas muito edificantes.
⭐⭐⭐⭐⭐
2 comments
Ótimo conteúdo! Qual o nome do livro de Maria Luiza Chaveut citado? Paz e bem!
ResponderExcluirOlá, professora Ana! Este livro é realmente uma verdadeira preciosidade.
ResponderExcluirOlá, Paz e Bem! Que bom tê-lo por aqui! Agradeço por deixar sua partilha.