Em quem não há falsidade
Dentre os apóstolos sempre tive grande apreço por São Natanael por conta desse elogio que o Senhor lhe fez. "Em quem não há falsidade". Em algumas versões lê-se "que não tem falsidade diante de Deus" ou "em quem não há fingimento". Seria o suficiente receber essa sentença ao ver o Senhor.
É um elogio que trás um ensinamento muito importante. Antes de falar com o Senhor Natanael disse "e sai algo bom de Nazaré?". Parece uma ofensa não? Mas, na verdade, era o que Natanael realmente pensava, ele falava exatamente o que passava em seu interior. Eu sei, parece impulsividade, mas neste caso não é. É um argumentação muito sincera.
Talvez num tempo tão sensível seja difícil notar a sinceridade de Natanael com as suas próprias percepções. Tanto que ao falar com o Senhor, assim que constata que ele é o Senhor, logo o diz. Honestamente e claramente. Ele foi um dos primeiros discípulos dizer isso, baseando-se em muito pouco, comparado a tudo que estava prestes a ver. Ele viu que o Senhor o viu e bastou.
A Virtude da Verdade é uma virtude anexa à Virtude da Justiça. Trata-se de mostrar, na fala e no comportamento, aquilo que realmente somos. São Natanael fazia isso diante de Deus e do próximo. Ele não faltava com a verdade.
A falsidade gera uma fragmentação na alma, uma duplicidade entre o que somos e o nosso discurso oral ou comportamental. Às vezes, isso pode acontecer quando não nos apresentamos devidamente munidos de honestidade diante de Deus.
São Natanael tem muito a nos ensinar com sua postura franca e honesta, principalmente, no nosso tempo.
Não existem muitos relatos dele, exceto uma versão que talvez tenha evangelizado até a Índia e outra, guardada pela Tradição, que sofreu martírio por esfolamento onde hoje é a Província Russa do Daguestão junto ao Cáucaso. No entanto, não vemos grandes obras registradas, mas mesmo assim nos parece que toda a sua vida se tornou a sua única frase registrada: "Rabi, tu és o filho de Deus, tu és o Rei de Israel".
O verdadeiro israelita reconheceu o seu Senhor e Deus.
2 comments
Também tenho grande apreço por São Natanael/Bartolomeu. Creio que ele é um dos santos apóstolos que mais me são caros, juntamente com São João, sobretudo devido a essa passagem do Evangelho em que a sinceridade e a humildade de seu coração brilham como um farol; é simplesmente belíssimo!
ResponderExcluirOlá Ana! Sempre tive grande apreço por São Bartolomeu/Natanael, mas o seu texto me deu outra luz sobre esse encontro com Jesus. Eu sempre me impressionava com a parte "eu te vi debaixo da figueira" porque seria um momento intimo e de solidão de Natanael (talvez de tristeza ou dor) e que somente Deus conheceria. Todos temos esses momentos. O seu texto sobre uma parte tão pequena e simples e que muitas vezes nem percebemos, mas que sempre é necessário lembrar o quanto devemos não fingir. Parece algo simples, mas nos tempos modernos é algo dificil. Estamos fingindo o tempo todo e na maioria das vezes sem nem perceber. Obrigada por esse texto.
ResponderExcluirOlá, Paz e Bem! Que bom tê-lo por aqui! Agradeço por deixar sua partilha.