Guia de Arte em Piracicaba| Parte 1: Arquitetura de Piracicaba
Introdução
"A histórica contenda entre Morgado de Matheus e Antônio Correa Barbosa sobre o santo ou santa que seria padroeiro da cidade, revela a importância da religião no contexto da nossa formação.
De início, nosso povo tem o catolicismo como religião oficial. Depois foram sendo incorporados outros credos, vindos com os imigrantes de outras pátrias. De toda forma, a religiosidade sempre esteve presente na formação das cidades, influenciando até em sua conformação, participando do seu desenho urbano. Em Piracicaba não foi diferente.
Presente desde quando ainda era Vila Nova da Constituição até hoje, a religiosidade permeia a vida da cidade e de seus habitantes. Além dos ritos próprios de cada fé, as festas relacionadas sempre agregam a vida social. E é por sua importância na história e na formação dos cidadãos, que o tema "Igrejas" ocupa o segundo volume da série "Patrimônio Cultural de Piracicaba".
Tal como o livro sobre escolas, o recorte proposto pelo Departamento de Patrimônio Histórico do Instituto de Pesquisas e Planejamento - IPPLAP para esta edição, conta com algumas das nossas mais tradicionais instituições religiosas, trazendo um pouco da fundação dos templos, da sua importância. O livro traz, ainda, uma breve introdução sobre a influência da religiosidade na formação do povo piracicabano e brasileiro.
Uma leitura que eu recomendo! Saber um pouco mais sobre nossas igrejas é importante para conhecer a sociedade em que vivemos.
Propomos com esta publicação, segundo volume da série Patrimônio Cultural de Piracicaba, também revirar no fundo do baú, memórias e fotos de algumas das mais tradicionais instituições religiosas de Piracicaba. Da mesma forma como ocorrido com a pesquisa sobre as escolas, ao revirarmos esses baús, percebemos que muitos são bastante rasos e também carecem de mais atenção por parte de seus gestores. É preciso valorizar com mais atenção essa memória coletiva vivenciada nos bancos das casas de culto." ¹
Este trecho expressa o carinho que uma parte dos piracicabanos nutre pelos monumentos históricos da cidade, que são a ponte para a nossa história social e pessoal. Este material tem o intuito de: 1) continuar o trabalho começado no artigo "Alma Piracicabana", 2) fomentar o interesse dos piracicabanos pela sua própria história, 3) incentivar os católicos e não católicos de outras cidades a realizarem algo similar, 4) incentivar os catequistas e professores na transmissão do nosso rico patrimônio cultural católico. Tais objetivos são iluminados pela intuitiva certeza de que parte do caos do mundo moderno é resultado de certa falta de identidade social e pessoal. Talvez a história materializada em monumentos, que vencem a passagem dos tempos, seja um recado concreto do passado para um bom direcionamento do presente e do futuro. Para tal empreitada, conto com a ajuda dos materiais produzidos pelo Departamento de Patrimônio Histórico do Instituto de Pesquisas e Planejamento, assim como a ajuda do Professor Fábio San Juan ² do Apreciando Arte. Conto também com meu olhar, já familiar para alguns, de uma "piracicabana nascida e criada".
Aspectos gerais da arquitetura de Piracicaba
"No conjunto das igrejas do Estado de São Paulo, o Neorromânico teve mais receptividade do que o Neogótico; e considera que isso se deve à predominância dos italianos, que seriam nitidamente avessos a esse estilo. O autor destaca que em compensação, o Neogótico foi preferido pelos arquitetos cariocas, mais inspirados pela França (Bruand, 1969). A produção arquitetônica das igrejas em Piracicaba não difere das demais cidades brasileiras no período do Ecletismo. Predomina o Neorromânico, não somente pela presença italiana na cidade, mas há uma notável diversificação tipológica que enriqueceu a produção Eclética em Piracicaba devido à contribuição de profissionais de culturas e origens distintas."
Ecletismo
Neo Românico
"A arte românica (chamada normanda na Inglaterra) teve suas origens nas estruturas romanas imperiais que sobreviveram às guerras dos bárbaros do início da Idade Média. Sua decoração é severa, monumental e considerada apenas como uma decoração para a arquitetura. Suas figuras esculpidas ficam no mesmo plano do fundo de pedra onde surgiram... No período românico, a Igreja era como um livro para o iletrado. Escultores e pintores cobriam o interior (e às vezes também o exterior) com ilustrações que narravam, em sequencia, incidentes extraídos das histórias da Bíblia. Estas artes eram uma forma de pictografia." ²
O estilo neorromânico espalhou-se por toda a Europa, de onde passou às Américas. Foi particularmente utilizado em edifícios religiosos, mas seu uso em edifícios civis também foi comum. Na Alemanha, chegou a ter o status de estilo nacionalista por excelência, sendo muito empregado ao longo da segunda metade do século XIX. Nos Estados Unidos, foi um dos estilos preferidos para edifícios públicos como prefeituras e campi universitários. São características do estilo neorromânico: edificações de tijolos ou pedra monocromática, abundância de arcos plenos sobre os vãos (portas e janelas) e também com fins decorativos, torres poligonais nas laterais das fachadas com telhados de formas diversas. Exemplos de construções em São Paulo: Igreja de Santa Ifigênia, Igreja Nossa Senhora dos Homens Pretos, Basílica de Nossa Senhora Aparecida. Exemplos de construções internacionais: Edifício principal da Universidade da Califórnia, Museu de História Natural de Londres.³
Neo Gótico
Catedral da Sé em São Paulo
Referências
3- Ernest Burden, Dicionário Ilustrado de Arquitetura, verbete Estilo Revivescimento Românico.
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