Frequentemente, tenho a sensação de que a internet é um manicômio. As polêmicas mostram exatamente a qualidade obsoleta da produção cultural neste cenário.
Lembro-me de que muitos dos meus professores, tanto de neuroeducação quanto de curadoria de arte, salientavam a necessidade do uso da internet para melhorar o acesso ao patrimônio cultural, principalmente visando as pessoas com histórias pessoais que as distanciavam da beleza genuína de uma sinfonia, de boas leituras ou de uma galeria de arte. Mas a internet, se não houver uma escolha explícita pelo oposto, é uma extensão dos programas de domingo dos anos 90; no entanto, agora é possível acessar um número surpreendente de idiotices todos os dias. Cada vez que abro algum app, há uma nova polêmica. Veja bem, eu “acompanho” pouquíssimas pessoas e ainda recebo algo desse conteúdo de exemplar necedade. Imagino quem segue todos os seus produtores. É uma mistura cada dia mais inusitada que realmente afronta tudo que conhecemos sobre criatividade. Provavelmente estamos além do mundo fantástico; adentramos algum território de loucura coletiva.
Todos de blazer se estapeando em polêmicas, segundo eles, refinadamente. Com tal empenho, podemos perder o pão (que literalmente aumentou em preço e diminuiu em tamanho), mas o circo, certamente, não perderemos.
Existem momentos em que vejo com outros olhos a fala “aí que preguiça” do índio Macunaíma, no livro de mesmo nome. A intenção do autor era personificar, ou não, o brasileiro no personagem Macunaíma (preguiçoso e tarado). No entanto, realmente, dá preguiça ser brasileiro. Para completar, podemos, em breve, passar pela oportunidade de vivenciar uma São Paulo governada com o poder da mente.
Sem contar que a obsessão em se adornar para o marido, mostrando isso na rede social, sendo o marido mais um na plateia, agora, ganhou um novo patamar: não se maquiar para o marido é falta de respeito e, na carreira, não reflete credibilidade. Olha que poço de sabedoria adentramos! Fico imaginando, no caso de uma dificuldade grave, financeira ou de saúde, o que será dessa família em que o respeito se solidifica num pó compacto. Talvez deva colocar minhas esperanças na marca do pó; certamente, isso será determinante. E que falta de credibilidade passa a médica que atende uma emergência de "cara lavada" de tanto servir ou uma professora na periferia, também de "cara lavada", que gasta tudo, inclusive os seus nervos, para servir. Que horror! Que falta de credibilidade!
Que tristeza pensar que muitos deles são católicos, católicos mundanos. Falta-lhes conversão e uma dose de inteligência (e talvez problemas reais para resolver).
Vede cuidadosamente como andais, não como os néscios, mas como os sábios.Efésios 5, 15