Catecismo Essencial Educação e Filosofia

Educação Clássica aplicada à catequese (transcrição de aula)

by Ana Paula Barros - outubro 10, 2024

Transcrição em tópicos da aula: Educação Clássica aplicada à catequese ministrada pela professora Ana Paula Barros em 3 de fevereiro de 2024. Aula disponível na íntegra aqui com link para o mapa mental na descrição da aula (sugerimos fortemente a escuta da aula na íntegra).

Introdução

A catequese, enquanto processo de formação e instrução na fé, enfrenta desafios significativos que demandam uma revisão da sua metodologia e gestão. Neste contexto, é essencial discutir a necessidade de uma abordagem que promova uma formação continuada dos catequistas e a revisão das estruturas de suporte às práticas catequéticas nas comunidades e paróquias.

Metodologia Atual da Catequese

Atualmente, muitos catequistas relatam a falta de uma metodologia que suporte efetivamente a catequese a longo prazo. O material disponível no site Salus in Caritate oferece recursos como planos de vida espiritual, leitura do catecismo e leitura bíblica, que são indicados tanto para a vivência pessoal quanto para a aplicação em grupos. No entanto, a demanda por cronogramas específicos de catequese evidenciou a necessidade de uma abordagem reflexiva sobre o assunto.

Desafios Identificados

Os principais problemas enfrentados pelo catequese incluem:

Falta de Formação Adequada: A maioria dos catequistas não recebe a formação necessária para desempenhar suas funções de maneira eficaz. Embora alguns catequistas sejam professores em outras áreas, a catequese exige uma formação específica mínima em teologia, liturgia e outros temas relacionados à fé, da forma tradicional.
Gestão Deficiente: A gestão - eclesial, pastoral e clerical - atual das atividades catequéticas muitas vezes deixa os catequistas sem suporte, resultando em uma atuação isolada e desarticulada. Em muitos casos, faltam cronogramas claros e materiais de apoio, dificultando a aplicação de uma metodologia eficaz.
Necessidade de Comprometimento Institucional: É fundamental que as dioceses e paróquias assumam um papel ativo na formação de seus catequistas, promovendo treinamentos e acessos a conteúdos educacionais relevantes, assim como o material mesmo para a aulas de catequese, principalmente em regiões mais carentes.

Propostas para uma Nova Abordagem

Para superar esses desafios, propõe-se uma série de ações:

Capacitação dos Catequistas: É necessário estabelecer um programa de formação continuada verdadeiro que aborde temas essenciais como história da igreja, liturgia e teologia de forma organizada e interligada, com exemplos de aplicação em aula. Esta formação deve ser adaptada às diversas instâncias de catequese e ao nível de conhecimento dos catequistas.
Revisão da Gestão das Atividades: As comunidades devem promover uma gestão mais eficaz, assegurando que os catequistas tenham acesso aos recursos necessários (inclusive de materiais para dar aula) e à orientação pedagógica tradicional adequada para suas atividades.
Integração com Outras Áreas: Assim como os catequistas, outros membros da igreja, como músicos e pastores, devem receber formação específica. A formação tradicional em música sacra e arte sacra, por exemplo, é crucial para a valorização da liturgia e da experiência de fé. Auxiliam a catequese ao possibilitar o acesso dos catequizandos, dos diversos recortes de classe, à arte e à música sacra.
Mudança de Mentalidade: Por fim, é fundamental que haja uma mudança na mentalidade dos gestores e do clero em relação à formação e ao papel dos catequistas. A busca pela excelência deve ser uma prioridade, reconhecendo que a formação adequada é um investimento vital para a vida da Igreja.

Conclusão I

A catequese não deve ser vista como uma atividade secundária, mas como um componente essencial da vida comunitária. Investir (e me refiro a recursos financeiros e intelectuais mesmo, além de tempo) na formação dos catequistas e na gestão das atividades catequéticas é um passo crucial para revitalizar a experiência de fé nas comunidades. Ao promover uma abordagem mais integrada e comprometida, será possível responder de maneira eficaz às necessidades dos catequizandos e da Igreja como um todo.

Estrutura do Cronograma de Catequese

Um cronograma bem elaborado deve abranger um período de três anos, permitindo que catequistas planejem e desdobrem as temáticas semanais de forma coerente. Os materiais disponibilizados em algumas paróquias, embora úteis (quando não são ideologizados), frequentemente carecem de um direcionamento específico, principalmente nos níveis intermediário e avançado de catequese. É essencial que o cronograma inclua conteúdos tradicionais católicos que as crianças, adolescentes e jovens adultos devem conhecer em cada fase do processo catequético.

Importância da Arte Sacra

A arte sacra desempenha um papel crucial na formação da identidade religiosa dos catequizandos. É fundamental que, desde o início da catequese, as crianças tenham acesso à História Sagrada de forma que se sintam parte dela. A utilização de painéis de arte sacra, com imagens de arte sacra vívidas e realistas, como as do Renascentistas, pode ajudar a criar uma conexão emocional e cognitiva com as narrativas bíblicas. Isso evita que as figuras bíblicas sejam confundidas com personagens de contos de fadas, promovendo um entendimento mais profundo da sua importância.

Desenvolvimento da Identidade Cristã

Os objetivos da catequese devem incluir a formação de identidade, a apresentação de ideais e modelos, e o incentivo à evangelização. Ao proporcionar um entendimento claro de que personagens como Abraão e Moisés foram figuras reais, a catequese ajuda a consolidar a identidade religiosa dos jovens. As imagens de arte sacra devem ser utilizadas como suporte visual, permitindo que os catequizandos se familiarizem com a história da fé católica de maneira significativa.

Integração com a História e Cultura

É importante que os catequistas contextualizem as narrativas bíblicas dentro da história da Igreja e da cultura local. Por exemplo, ao apresentar a trajetória dos apóstolos para os quatro cantos da terra e a chegada do cristianismo ao Brasil, os catequistas podem facilitar a conexão entre a fé e a identidade cultural dos jovens. Isso pode ser feito através de mapas e painéis informativos que demonstrem a disseminação do evangelho em cada país (entenda melhor como realizar na prática escutando a aula).

Criação de Memórias e Pertencimento

A construção de memórias significativas durante a catequese contribui para um senso de pertencimento. A documentação de momentos importantes, como fotos de grupo na linha de arte sacra, pode reforçar a noção de que os catequizandos fazem parte de uma herança espiritual católica. Além disso, o uso de marcadores que representem os diferentes tempos litúrgicos pode ajudar a integrar as experiências catequéticas com a vida da comunidade e da Igreja (entenda melhor como realizar na prática escutando a aula).

Leitura em Voz Alta

A leitura em voz alta, especialmente sobre a vida dos santos, é fundamental. Devemos dedicar de 10 a 20 minutos nas aulas, abordando um santo por mês. por exemplo. Essa repetição reforça o aprendizado, permitindo que as crianças desenvolvam um senso de identidade dentro da grande família da Igreja. Também favorece a abordagem das virtudes vivenciadas pelo santo, através da observação de suas ações e reações, enriquecendo a formação humana e espiritual.

É importante criar um ambiente de revisão contínua, onde as crianças possam conectar a história sagrada com suas vivências e a arte sacra. Quando elas veem imagens semelhantes às que aprenderam nas Igrejas ou outro local, conseguem relembrar histórias e fortalecer seu vínculo com a fé.

Integração entre Idades

Promover a interação entre diferentes idades na catequese é inspirador. Turmas mais velhas podem compartilhar suas leituras com as mais novas, ou ler para elas, criando um ciclo de inspiração e aprendizado. Essa prática não apenas ajuda na formação dos jovens, mas também valoriza o compromisso com a evangelização e o papel ativo de cada um (entenda melhor como realizar na prática escutando a aula).

Aprofundamento na Doutrina

A partir do segundo ano, é crucial introduzir a doutrina de maneira mais densa, começando por quem é Deus (já que o primeiro ano é dedicado à História Sagrada). É possível, no entanto, seguir um cronograma estruturado, intercalando história sagrada e catecismo, se o catequista acreditar oportuno.

Visitas a igrejas locais proporcionam uma conexão real entre a catequese e a vivência da fé. Ver obras de arte sacra e aprender sobre a história dos templos da cidade fortalece o respeito e a valorização do sagrado.

Formação e Enriquecimento

É vital que os catequistas busquem formação contínua e colaborem entre si, compartilhando conhecimentos e experiências. O ideal seria que a Igreja com sua estrutura e recursos oferecesse uma base sólida tradicional obrigatória.

Ensinar a história da Igreja em sua totalidade, sem fragmentações, em aprofundamentos de dois ou três dias, é essencial para formar indivíduos conscientes de sua herança e do papel que desempenham na comunidade, principalmente no Crisma.

A catequese deve ser um espaço de dedicação, onde cada um pode se aprofundar na fé e se sentir parte de algo maior. Manter um olhar atento e buscar ajuda quando necessário (principalmente dos padres que fizeram mestrado e doutorado justamente para isso, ou dos membros da Igreja que são professores) é fundamental para o crescimento espiritual e educacional dos catequistas e catequizandos.

Conclusão II

A metodologia da catequese deve ser uma jornada contínua e dinâmica, onde o aprendizado da fé se entrelaça com as experiências vividas pelas crianças, adolescentes e jovens adultos. É fundamental que as atividades artísticas sejam direcionadas para promover um entendimento mais profundo da vida católica.

A prática da leitura em voz alta, especialmente sobre a vida dos santos, desempenha um papel crucial no desenvolvimento da identidade cristã, criando conexões significativas entre a história sagrada e a vivência diária. Essa abordagem também facilita a revisão e a memorização.

Além disso, a interação entre diferentes idades na catequese enriquece a experiência de aprendizado, promovendo um ambiente colaborativo que inspira os mais jovens a se comprometerem com sua formação espiritual. A introdução gradual da doutrina, aliada a visitas a igrejas e a valorização da arte sacra, fortalece o respeito pelo sagrado e pela herança da Igreja.

Por fim, a formação contínua dos catequistas é essencial para garantir a eficácia da catequese. A busca por conhecimento e a colaboração entre educadores criam um ambiente propício ao crescimento espiritual dos catequizandos, preparando-os para se tornarem adultos comprometidos com a sua fé e com a missão da Igreja.

Revisão de texto: Jarbas

Aula: Professora Ana Paula Barros

Duração: 55 minutos

"Pitágoras foi o primeiro que chamou de filosofia ao estudo da sabedoria, preferindo ser conhecido como filósofo do que como sábio, pois antes dele os homens que se dedicavam a este estudo chamavam-se sofos, isto é, sábios. Mas é belo que ele tivesse chamado aos que buscam a verdade de amantes da sabedoria em vez de sábios, porque a verdade é tão escondida que por mais que a mente se inflame em seu amor e se disponha à sua busca, ainda assim é difícil que possa vir a compreender a verdade tal como ela é. Pitágoras, porém, estabeleceu a filosofia como a disciplina daquelas coisas que verdadeiramente existem e que são, em si mesmas, substâncias imutáveis.

A filosofia é o amor, o estudo e a amizade da sabedoria; não porém desta sabedoria que trata de ferramentas, ou de alguma ciência ou notícia sobre algum método fabril, mas daquela sabedoria que, não necessitando de nada, é uma mente viva e a única e primeira razão de todas as coisas. Este amor da sabedoria é uma iluminação da alma inteligente por aquela pura sabedoria e como que um chamado que ela faz ao homem, de tal modo que o estudo da sabedoria se nos apresenta como uma amizade daquela mente pura e divina. Esta sabedoria impõe a todo gênero de almas os benefícios de sua riqueza, e as conduz à pureza e à força própria de sua natureza. Daqui nasce a verdade das especulações e dos pensamentos, e a santa e pura castidade dos atos." (Hugo de São Vítor)