As Santas e a vida intelectual: Santas estudiosas e professoras

by - dezembro 09, 2024



William Dyce, A Madona e o Menino, 1845




“É principalmente por dois instrumentos que alguém adquire o conhecimento: a leitura e a meditação.” (HUGO DE SÃO VÍTOR, Didascalicon).


Dentre leigos e clérigos, ainda existe, assustadoramente, a ideia preconcebida de que as filhas do Altíssimo não devem estudar ou falar em público. Como se a sequela da ignorância, vinda do pecado original, nelas não devesse ser combatida pelo estudo e a boa direção do intelecto. Sem recorrer a argumentos de que tais pensamentos se baseiam em uma teologia fraca, resolvi usar a vida das santas como resposta, já que esta é a resposta do próprio Deus aos declínios, limitações, deturpações e enganações de cada tempo ou pessoa individualmente.

Normalmente, essa linha de pensamento vem da aversão ao feminismo, como se tudo fosse reduzido a fazer o oposto das feministas e então estaríamos salvos. Elas não depilam, nós depilamos; elas estudam, nós cozinhamos; elas falam em público, nós não; elas são líderes, nós somos mandadas e, pronto, tudo está resolvido. Seria até bonitinho tanta ilusão, se não fosse satânica. Outro motivo é a linha de leitura da crise da Igreja por alguns clérigos; segundo eles, tudo se deve à ação dos leigos, e, quando os leigos aumentam a sua ação, eles diminuem em autoridade. Ou seja, é uma reação para não perder um suposto poder de influência... ora, isso já está perdido há tempos e quem plantou isso foram os próprios padres; os leigos só estão tentando sobreviver ao que eles plantaram. No fim, o clero deve resolver os seus problemas, responsabilizando-se a si mesmos.

Dito isso, cabe elencar vidas santas que são mais seguras que achismos temporais e limitações humanas fantasiadas de "tradição", sem nenhum pingo de autenticidade, que é Santa e Verdadeira nos Santos:

Segundo a Santa Tradição, a Santíssima Senhora vivia no Templo e a rotina dentro do Templo incluía seis horas de estudo.

Flávio Josefo, em sua obra "Antiguidades Judaicas", menciona que “as mulheres no templo eram responsáveis por ensinar a Torá e outras disciplinas religiosas às crianças e a outras mulheres da comunidade”. De acordo com a Enciclopédia Judaica, “as virgens do templo passavam cerca de quatro a seis horas diárias estudando e ensinando a Torá e outras escrituras sagradas”. Também é descrito que a rotina de estudo das virgens do templo era bem estruturada. Elas dedicavam cerca de quatro a seis horas diárias ao estudo da Torá e outras escrituras sagradas. Esse tempo era dividido entre sessões de leitura, discussão e meditação sobre os textos. Pela manhã, após as orações iniciais, elas passavam duas a três horas estudando. No período da tarde, após suas tarefas no templo, dedicavam mais duas a três horas ao estudo e reflexão. Já a "História dos Hebreus" destaca a importância do papel educativo das virgens do templo. Segundo o texto, “as virgens eram vistas como guardiãs do conhecimento religioso, e seu ensino era altamente valorizado pela comunidade”.


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Muitas grandes santas eram versadas no estudo. Não citarei Santa Hildegarda, que é sempre a mais mencionada. Mencionarei outras santas, começando pelos primeiros séculos, para evitar alegações de feminismo:

  • Santa Marcelina: educou com muito estudo o grande Santo Ambrósio, seu irmão, que escreveu sobre a educação das mulheres inspirado nela.
  • Santa Bárbara: no início das lições, não gostava de estudar com os tutores, mas, posteriormente, foi o estudo que a fez interessar-se pelas ciências e cogitar a existência de um Criador (sua família e tutores eram pagãos).
  • Santa Catarina de Alexandria: padroeira dos filósofos (isso já seria um motivo para emudecer alguns... que tempos, meus caros, que tempos), estudou e teve uma ótima formação católica (Alexandria era a sede da maior Escola Catequética dos primeiros séculos). Era considerada uma das mais belas e sábias de Alexandria, confundindo 50 filósofos com a filosofia e teologia católica.

Os livros de São Basílio e São Jerônimo falam sobre a educação intelectual das mulheres, com um capítulo todo dedicado a isso. São Jerônimo dizia que se sentia feliz e orgulhoso em educar a "pequena Paulinha" como Aristóteles em educar Alexandre, que viria a ser O Grande; pois ela era uma filha do Criador. Paulinha era a menor de uma linha de filhas espirituais do Santo, já que sua mãe e avó também eram orientadas e encorajadas nos estudos por São Jerônimo. Um trabalho sacerdotal realmente notável.






Borgognone. A Madonna, 1500-1523



Outros nomes ilustres em sabedoria e inteligência incluem:

Santa Ângela Mérici, que fundou as Ursulinas, uma congregação de professoras.
Santa Maria Mazarello, que fundou o ramo feminino do Dom Bosco; Santa Paula Frassinetti, também professora, que fundou a Congregação de Santa Doroteia, dedicada ao ensino.
Santa Teresinha do Menino Jesus era assídua nos estudos, dava aulas no convento e explicava de forma profunda a teologia de São João da Cruz, impressionando as irmãs pela agudeza e dedicação, fato registrado nos autos de seu processo de canonização.
Santa Teresa de Ávila dispensa apresentações, já que a padroeira dos professores legou ensinos teológicos que são estudados até hoje.
Santa Gertrudes de Helfta, chamada a Grande, também deixou tratados teológicos que são motivo de estudo até os dias atuais.

E ainda temos:

Beata Guadalupe Ortiz, professora de química e pesquisadora acadêmica; 
Beata Natalia Tułasiewicz, professora polonesa martirizada em um campo de concentração; 
Santa Benedita da Cruz (Edith Stein), judia convertida ao catolicismo, professora e filósofa, também martirizada em um campo de concentração; 
Santa Elena Guerra, professora e fundadora da Ordem de Lucca; 
Beata Madalena Caterina, professora que fundou 19 casas salesianas, 12 oratórios, 6 escolas, 5 jardins de infância, 4 internatos e 3 escolas religiosas; 
Serva de Deus Virginia Blanco Tardío, leiga consagrada e professora de religião no ensino médio, na Bolívia; 
Beata Karolina Gerhardinger, conhecida como Madre Maria Teresa, que trabalhou como professora na Baviera e fundou a Ordem das Irmãs Escolares de Notre Dame.

É lamentável que, depois de tantos anos, tantos marcos de santidade e doação até o sangue, ainda precisemos voltar a pautas tão óbvias devido à pura limitação na profundidade do catolicismo. Isso vem, inclusive, de padres que deveriam ser o sinal da paternidade Divina, como foram os encorajadores de suas filhas espirituais: São Basílio, Santo Anselmo, São Clemente, São Jerônimo, Santo Agostinho e São Francisco de Sales.

As filhas de Deus são belas, inteligentes e sábias, dotadas de virtude e graça. Sigam em frente, com coragem, pois a corte dos santos nos protege e guia, suprindo as faltas terrenas de encorajamento e boa direção. Estudar e ensinar é um ato virtuoso que edifica e faz edificar.


"O princípio da sabedoria é: adquire a sabedoria; sim, com tudo o que possuis, adquire o conhecimento." - Provérbios 4, 7.

"Ela abre a boca com sabedoria, e a lei da beneficência está na sua língua." - Provérbios 31, 26.




















































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