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Escrever sempre me pareceu semelhante a escrever uma carta: longa e repleta de detalhes. Cada escrita reflete o olhar do autor e tudo o que esses olhos testemunharam.
Para alguns, o processo de escrita é árduo; para outros, flui com facilidade. Escrever em si nunca foi difícil para mim, mas o fluxo rápido de ideias sempre foi um desafio maior. Também não acredito que uma obra esteja concluída até que o autor assim o declare ou até que ele tenha falecido. Portanto, não tenho ilusões sobre a obra perfeita. Para mim, o mais importante é que seja coerente e reflexiva.
Como mencionei várias vezes em aula, escrever é, para alguns, uma espécie de sina; para outros, um mecanismo de enfrentamento, utilizado apenas na esfera pessoal. O escritor está na primeira categoria. E dessa condição vêm desconfortos, lágrimas e tempo necessário para a concepção. Não é um processo luxuoso, nem tampouco perfeito. Inclusive, acredito que é difícil ensinar alguém a ser escritor. Também considero difícil que ser escritor esteja atrelado a uma fama pré-existente.
Digo isso porque, neste cenário pós-moderno superinformativo, as pessoas fazem uma correlação entre as duas coisas, sem saber que, no mercado literário, existem escritores muito conhecidos em certos nichos, com leitores que aguardam ansiosamente seus livros. São pessoas que não são famosas fora desses nichos. É muito interessante esse modelo social que se formou, com nichos completamente desconhecidos para outros nichos.
A escrita de "Modéstia" foi impulsionada pelo caos infinito que o tema gerou em 2018, um ano que serviu como peneira para muitas celebridades deste nicho ao qual pertenço. Após essa grande "seleção natural", o assunto surgiu em minha mente como uma exigência para escrever, e então o fiz. Esse ensaio faz parte de uma tríade que até então existia apenas em minha mente. No entanto, foi fruto de estudos realizados desde 2012, ou seja, seis anos—praticamente uma faculdade sobre o mesmo tema—para conceber a primeira parte. Foi uma grande felicidade, embora tenha me causado alguma tristeza depois, devido às dificuldades do meio editorial. Alegro-me apenas pelas pessoas que leem o livro físico; o restante dessa experiência com a edição física me trouxe muita tristeza. Mas enquanto foi apenas um livro digital, foi uma felicidade.
A escrita não foi difícil, mas havia muitos pontos que deveriam ser abordados sem tornar o livro pesado. Este tema é sempre muito sensível, e as reações são geralmente exacerbadas. Portanto, o livro também tem a intenção de suprir algumas deficiências na formação humana católica. A formação católica possui três níveis: humano, doutrinal e espiritual. Todas são alimentadas pela Sagrada Escritura e pela Sagrada Tradição. É frequente, no entanto, que até mesmo os mais versados acreditem que todas são formações espirituais, mas isso é um engano. As instâncias são distintas. A formação humana abrange toda a área educacional; a doutrinal, a Santa Doutrina; e a espiritual, em suma, são as direções espirituais. Vivemos numa época sem ação efetiva sacerdotal, o que torna muito confuso, até mesmo para eles, observar a diferença gritante entre as áreas. Que dirá para as outras pessoas sem formação católica ou recém-convertidos.
Portanto, a escrita de "Modéstia" deveria contemplar todas essas nuances e oferecer um bom material de reflexão sobre a temática, que é uma das bases da formação educacional dos iniciantes. Para isso, este ensaio possui muitas citações diretas e transcrições, creditadas inclusive aos tradutores que muito contribuíram nesse sentido, além de poemas de minha autoria e de outros autores. No final, tornou-se um bom livro para a educação moral cristã a partir dos 14 ou 15 anos, que realmente era a minha intenção, sem deixar de atender as mulheres sem sólida formação católica.
No entanto, considerando a necessidade de veicular a temática em outras áreas, o livro possui vasta referência bibliográfica e pode ser incluído nas referências de trabalhos acadêmicos de moda, psicologia comportamental e ciências sociais, sem deixar a desejar.
Por trabalhar na área acadêmica há 15 anos e ter lecionado a desafiadora disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso muitas vezes, sei que pode ser difícil encontrar referências para algumas temáticas. Também sei da importância do papel dos estudantes nessa ação cultural católica. Os estudantes católicos têm o dever de citar todos os autores católicos que conseguirem em seus trabalhos e não ter medo. Exceto alguns nomes midiatizados, por conta da "sociedade dos nichos", seus professores certamente não sabem quem são os escritores e tradutores católicos, e vocês podem usar isso ao seu favor. O resultado é a veiculação das obras no meio acadêmico secular, um meio solenemente ignorado até hoje.
Ao escrever, pensei em todas essas coisas, na esperança de que os vórtices da internet se transformassem em uma mudança de mentalidade verdadeira a respeito da produção cultural católica responsável, que pudesse causar mudanças na recepção dos leitores e fazê-los deixar de ver a catolicidade como um nicho separado das outras áreas, atitude que realmente dificulta a evangelização e a ação cultural católica. Quem sabe um dia tenhamos estudantes realmente corajosos?
Em termos de vendas de livros, há diferentes níveis de "sucesso" que podem ser observados no mercado editorial. Os best-sellers são aqueles livros que conseguem vender um grande número de cópias rapidamente após o seu lançamento, comumente mais de 10.000 cópias no primeiro ano. Eles são frequentemente destacados nas listas de mais vendidos e alcançam uma ampla audiência de forma rápida e eficaz.
Por outro lado, temos os livros de mídias livres, que vendem bem, mas não chegam ao status de best-seller. Esses livros geralmente vendem entre 1.000 a 5.000 cópias no primeiro ano e ainda conseguem um bom desempenho, mesmo que não alcancem os números impressionantes dos best-sellers.
Os livros de nicho são aqueles que vendem principalmente em segmentos específicos de mercado. Eles costumam ter vendas mais modestas, entre 500 a 1.000 cópias no primeiro ano. Apesar de suas vendas menores, esses livros têm uma audiência dedicada e fiel dentro de seu nicho.
Finalmente, há os livros de baixa venda, que vendem poucas cópias. Esses livros geralmente vendem menos de 500 cópias no primeiro ano. Embora suas vendas sejam limitadas, eles ainda encontram valor entre leitores específicos e podem atender a propósitos especializados ou pessoais.
"Modéstia" encontra-se entre um livro de nicho e mídias livres, dependendo do formato de edição (digital ou física), o que não implica em um ganho significativo, não é mesmo, caríssimos? Como expliquei nesta aula aberta: Letras, mercado e política (transcrição de aula aberta). Por isso, agradeço muito aos leitores, principalmente aos leitores do livro digital, pelas razões mencionadas na aula.
O segundo ensaio, Graça & Beleza, publicado este ano (2025), 15 anos após os primeiros passos nas pesquisas da temática, traz uma reflexão que realmente visa mulheres a partir dos 20 anos. Foi pensado como uma ação educativa que poderá acompanhar a formação de algumas moças e suprir minimamente a formação de outras que, embora com idade e muitas com fama, não são mais que iniciantes na catolicidade. Desta forma, este ensaio foi escrito com uma abordagem mais madura e com mais enfoque na crítica social, em continuação ao ensaio anterior. Busquei momentos de leveza, usando a literatura poética católica tradicional. Foi uma escrita densa, mas não me pareceu pesada ao finalizar.
De modo geral, vejo os escritos como uma oportunidade de treinar minha capacidade de condensar um tema sem perder profundidade. Esta visão destoa de alguns autores que acreditam no poder de um calhamaço em capa dura; principalmente os homens gostam bastante dessa abordagem. Eu, como mulher, realmente prefiro o sagrado poder da síntese sem perder profundidade, resgatando as camadas profundas de escrita que existem em contos e mitos.
Além disso, há um motivo prático: se o leitor for uma mulher com seus vários lindos filhos, indo a uma pracinha, carregando bolsas e todo o kit de sobrevivência para uma excursão externa, ela certamente poderia levar um livro. No entanto, é fundamental que ele seja leve, e o formato da edição ajuda muito nisso. Afinal, todas as coisas que são carregadas alegremente pelas crianças voltam devidamente unidas e ao mesmo tempo para os braços do adulto mais próximo. Portanto, isso também passa pela minha cabeça quando escrevo, assim como penso nas mães de recém-nascidos que escutam as aulas em áudio e com isso se sentem nutridas de conhecimento em meio ao período de adaptação. Acredite, já acompanhei muitas mamadas dessa forma.
Quanto à utilização acadêmica, mantive a mesma intenção do primeiro ensaio.
Como vê, meu processo de escrita se desenvolve na formação humana sem perder o olhar humano. Desenvolvido ao longo de muitos anos, entre sorrisos, lágrimas, algumas humilhações e falta de respeito. E, como tudo na vida, tem suas tristezas, principalmente quando em contato com o lado escuro de algumas alas. Mas, em suma, quando me trazem alguma notícia do que o Senhor fez com simples palavras—mas palavras consagradas—compensa em parte o processo oculto de escrever e a lapidação que realiza no próprio escritor.
A autora,
Professora Ana Paula Barros